Revelações de Eduardo Tagliaferro colidem com versão da Polícia Civil

Eduardo Tagliaferro, ex-servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disse em entrevista exclusiva a Oeste que desbloqueou seu celular antes de entregá-lo para a Delegacia de Polícia de Franco da Rocha (SP), em maio de 2023, quando foi preso por violência doméstica. No entanto, o boletim de ocorrência sobre o caso informa que o ex-funcionário do TSE entregou o aparelho bloqueado à corporação. Isso impediria eventual acesso dos policiais ao celular — e também tornaria impossível o vazamento da troca de mensagens que veio à tona na série de reportagens do jornal Folha de S.Paulo.

“Até o momento de ir para a custódia, estava com meu celular”, disse Eduardo Tagliaferro a Oeste. “Quando passei meu celular para a mão do meu compadre, desbloqueei o aparelho. A gente jamais imaginaria que pudesse haver uma palhaçada dessa. Sem lacre, sem nada, o delegado devolveu meu celular.”

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Conforme o ex-funcionário do TSE, o delegado do DP de Franco da Rocha teria dito que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), telefonou para a delegacia no dia da prisão e pediu o envio do celular de Tagliaferro para Brasília.

O que dizem interlocutores da Polícia Civil

Em contato com Oeste, interlocutores da Polícia Civil dizem que as alegações de Eduardo Tagliaferro são descabidas. Alegam que a corporação adota protocolos rígidos, capazes de prevenir fraudes em documentos oficiais. Boletins de ocorrência, por exemplo.

Esses interlocutores acrescentam que as prisões por acusação de violência doméstica, como ocorreu com o ex-assessor do TSE, não preveem a apreensão do celular dos investigados. “Se Tagliaferro entregou o aparelho, é porque alguém pediu”, disse uma das fontes, que prefere manter a identidade sob sigilo.

Nesse caso, eventuais pedidos de apreensão do celular de Eduardo Tagliaferro deveriam ser formalizados por meio de ofício. Oeste interpelou o gabinete do ministro Alexandre de Moraes no STF e o DP de Franco da Rocha, para descobrir se houve alguma manifestação nesse sentido, mas não teve resposta até a publicação desta reportagem.

Eduardo Tagliaferro ao lado do ministro Alexandre de Moraes | Foto: Reprodução/Redes sociaisEduardo Tagliaferro ao lado do ministro Alexandre de Moraes | Foto: Reprodução/Redes sociais
Eduardo Tagliaferro ao lado do ministro Alexandre de Moraes | Foto: Reprodução/Redes sociais

Quem é Eduardo Tagliaferro

Perito em crimes cibernéticos e ex-servidor do TSE, Eduardo Tagliaferro está no centro do escândalo que envolve o vazamento de mensagens de integrantes da Corte, divulgados pela Folha de S.Paulo. Segundo o jornal, Tagliaferro era responsável pela apuração, investigação e elaboração de relatórios encomendados pelo então presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.

Citado em dez das 11 reportagens publicadas pela Folha, o ex-chefe da AEED passou de homem de confiança de Moraes a traidor do ministro, acusado de ser o responsável pelo vazamento das mensagens. Na quinta-feira 22, Tagliaferro depôs à Polícia Federal em São Paulo, em uma investigação aberta por ordem de Moraes.

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Em entrevista exclusiva a Oeste, Tagliaferro nega veementemente as acusações de que teria vazado os dados de seu celular. Ele acredita que as informações podem ter sido coletadas quando o aparelho foi apreendido pela Polícia Civil de São Paulo, em 2023. Tagliaferro nega ter cometido o crime.

O leitor pode acompanhar a entrevista completa com Eduardo Tagliaferro ao clicar neste link.



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