Renato Duque apela ao STF para cancelar sua prisão 

Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, recorreu à 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele busca anular suas condenações na Operação Lava Jato, depois de decisão negativa do ministro Dias Toffoli. A nova análise vai passar pelos ministros Gilmar Mendes, André Mendonça, Edson Fachin e Nunes Marques, mas ainda não há data definida para o julgamento.

A Justiça condenou Duque a 39 anos de prisão em regime fechado, em processos já transitados em julgado, ou seja, quando a sentença torna-se definitiva, não podendo mais ser objeto de recurso. O ex-diretor confessou em juízo seu papel no pagamento de propinas da Petrobras, sendo representante do PT no esquema de apadrinhamento de diretores.

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De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o recurso para derrubar a condenação foi apresentado ao STF na última terça-feira, 1º, 11 dias depois de Toffoli negar a anulação dos processos de Duque na Lava Jato. Delator no processo, o ex-executivo está preso desde 17 de agosto. A decisão do ministro manteve o decreto de prisão e os atos do ex-juiz Sérgio Moro e da força-tarefa Lava Jato, que acusam Duque de corrupção e lavagem de dinheiro.

Defesa alega conluio

A defesa de Duque alega “conluio” entre Moro e a força-tarefa e questiona a legitimidade dos métodos investigativos. Toffoli destacou que a Justiça de 1ª instância é a adequada para analisar o pedido de Duque, diferentemente de outros réus da Lava Jato os quais o juiz beneficiou em decisões anteriores. Para Toffoli, reconhecer conluio no caso de Duque exigiria a análise de novos elementos.

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Defesa recorre à 2ª Turma do STF para beneficiar réu da Lava Jato

Ainda segundo o Estadão, a defesa tentou usar diálogos da Operação Spoofing, que investigou invasões de comunicações de Moro e procuradores. No entanto, Toffoli argumentou que os diálogos não revelam conluio direto com Duque.

“Com efeito, os diálogos transcritos na inicial entre o ex-magistrado e membros do Ministério Público não revelam conluio direto em relação ao ora requerente (Duque), residindo a causa da querela nos diálogos mantidos entre integrantes do Parquet (Ministério Público) com o objetivo de se obter o acordo de colaboração, matéria estranha aos precedentes invocados”, anotou o ministro.

Toffoli esclareceu que a anulação de atos da 13ª Vara Federal de Curitiba por Moro não impactou acordos de delação. O recurso de Duque, agora sob análise da 2ª Turma, foi apresentado em julho, depois da emissão do mandado de prisão pela juíza Carolina Lebbos.

Ministro do STF Dias ToffoliMinistro do STF Dias Toffoli
Ministro do STF, Dias Toffoli, não beneficiou Renato Duque como fez com outros réus confessos da Lava Jato | Foto: José Cruz/Agência Brasil

Histórico de condenações e delações

Os advogados tentaram evitar a prisão antes de resolver questões da Operação Spoofing, argumentando potencial para anular condenações. Toffoli rejeitou o pedido. Antes da prisão, a defesa buscou benefícios devido à delação espontânea de Duque. Contudo, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região limitou os efeitos da delação a apenas uma ação penal.

Ele foi preso pela primeira vez em novembro de 2014, liberado em dezembro, e novamente preso em março de 2015. Solto por ordem do STF cinco anos depois, usou tornozeleira até abril de 2023.

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