O governo do Brasil, comandado por Luiz Inácio Lula da Silva, manifestou sua oposição à decisão do ministro israelense Israel Katz, que declarou o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, como “persona non grata“. A crítica veio porque este não condenou com firmeza um ataque iraniano a Tel-Aviv.
Nesta quinta-feira, 3, o Ministério das Relações Exteriores divulgou sua posição. Isso ocorreu um dia depois de uma tensa reunião no Conselho de Segurança da ONU. No encontro, não houve consenso.
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O Itamaraty, em nota, destacou que o ataque de Israel a uma organização criada para proteger os direitos humanos e prevenir atrocidades, como as da Segunda Guerra Mundial, não contribui para a paz na região. Segundo o governo brasileiro, essa postura afasta qualquer chance de uma solução pacífica entre Israel e a Palestina.
O Brasil acredita que a declaração de Katz compromete os esforços da ONU para alcançar um cessar-fogo imediato no Oriente Médio. Além disso, prejudica as negociações para a libertação dos reféns em Gaza e atrapalha o objetivo de criar um Estado Palestino independente, coexistindo com Israel.
Itamaraty reforça importância da ONU
Ao prestar solidariedade a Guterres, o Brasil reafirmou a importância das Nações Unidas. Ele destacou especialmente sua Assembleia Geral e seu Conselho de Segurança. Esses órgãos são fundamentais no trabalho por uma solução de dois Estados e pelo cessar-fogo.
O governo israelense já havia declarado Lula como “persona non grata“, além de Guterres. Essa declaração ocorreu mediante às críticas do presidente brasileiro à resposta de Israel aos ataques do Hamas. Esses ataques aconteceram em outubro de 2023.
A crise diplomática entre os dois países se intensificou. Isso ocorreu quando Lula comparou a situação em Gaza às ações nazistas de Adolf Hitler. Durante a Segunda Guerra Mundial, milhões de judeus foram perseguidos e mortos.
Veja a nota do Brasil na íntegra:
“O governo brasileiro lamenta e condena a decisão do governo de Israel, anunciada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, de declarar o secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, como “persona non grata”.
Tal ato prejudica fortemente os esforços da Organização das Nações Unidas em favor de um cessar-fogo imediato no Oriente Médio, da libertação imediata e incondicional de todos os reféns e de um processo que permita a concretização da solução de dois Estados, com um Estado da Palestina independente e viável convivendo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, tendo Jerusalém Oriental como sua capital.
O ataque do governo de Israel a uma Organização que foi constituída para salvar a humanidade do flagelo e atrocidades da II Guerra Mundial e para proteger os direitos humanos fundamentais e a dignidade da pessoa humana não contribui para a paz e o bem-estar das populações israelense e palestina e afasta a região de uma solução pacífica.
Ao manifestar sua solidariedade ao Secretário-Geral António Guterres, o Brasil reafirma a importância das Nações Unidas, notadamente de sua Assembleia Geral e de seu Conselho de Segurança, nos esforços pelo cessar-fogo e por uma solução de dois Estados.”