Geração Z chega às urnas com desejo de mudança: “Fazer a diferença”

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cerca de 1.836.081 jovens eleitores, de 16 e 17 anos, estão aptos a votar nas eleições municipais de 2024, que ocorrem nos dias 6 e 27 de outubro. Em comparação com o último pleito municipal, em 2020, a participação dos eleitores da geração Z aumentou 78%.

Julia Tereza Makray Esteves, de 16 anos, é uma das jovens que tiraram o título de eleitor para escolher vereador e prefeito para São Paulo. Inicialmente, Julia tirou documento por influência da mãe, mas a jovem diz não se arrepender da decisão. “Eu sei que eu, sozinha, não vou fazer diferença, mas o coletivo de jovens que tirou o título de eleitor, vai. Eu acho bem importante participar do país.”

O professor de ciência política e mestre em psicologia política André Rosa aponta que a questão cívica de jovens eleitores teve um “boom” após as eleições de 2022, impulsionada pela campanha do TSE voltada ao eleitorado jovem. “Um exemplo de política pública que deu certo”, afirma ele.

Para o professor, os candidatos têm buscado capturar o voto da geração Z, que compreende pessoas nascidas entre 1997 e 2012. “O voto da geração Z é fundamental. Foi o voto da geração Z que foi preponderante, eu falo categoricamente, para a eleição do presidente Lula [em 2022]”, argumenta André.

Às vésperas da eleição de 2022, uma pesquisa da Datafolha revelou que Lula tinha mais que o dobro das intenções de voto entre os jovens. Em 2024, na cidade de São Paulo, Boulos aparece à frente entre os mais jovens.

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Não vai conseguir votar no dia 6 de outubro? Saiba como justificar o voto

Hugo Barreto/ Metrópoles

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Urna eletrônica

Antonio Augusto/Ascom/TSE

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Urna eletrônica

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Valores da geração Z

“Quando se fala de política, os valores que os influenciam, que são questões muito fortes, são o respeito à diversidade, a flexibilidade e a sustentabilidade. Há uma preocupação com o planeta, com o futuro e com o legado. E isso influencia a visão política dessa geração”, explica a doutora em ciências da informação e especialista em geração Z Thaís Giuliani.

Julia, que irá votar pela primeira vez neste domingo (6/10), acredita que os candidatos não estão atentos às preocupações políticas da sua geração. “A grande maioria trata de uma forma bem superficial, principalmente as mudanças climáticas, o que é preocupante. É uma preocupação que a gente precisa estar tendo agora. Não tem mais como colocar isso para depois”, desabafa a adolescente, que adiciona o acesso gratuito à saúde e à educação em sua lista de pautas mais relevantes.

Outro ponto importante sobre o comportamento político da geração Z, de acordo com Thaís Giuliani, é que, diferente de gerações anteriores, que eram espectadores, a geração Z é muito mais participativa.

Para a especialista, os jovens são protagonistas e, por isso, estão mais interessados pela política: eles têm desejo de participar e fazer parte.

“A gente sentava e esperava a programação da TV, você esperava para ver uma novela, um filme ou qualquer coisa que você queria ver. Não existia poder de decisão acerca disso, porque tinha um acesso limitado à informação. Hoje, essa geração não passa por isso. A geração Z não é passiva e mera espectadora. Ela quer fazer parte. Ela quer dar opinião, participar, ser escutada e ouvida.”

Thaís afirma, ainda, que o momento político, econômico e social em que essa geração cresceu, com questões sociais, econômicas e climáticas conturbadas, impeachment presidencial e uma crise humanitária de saúde, com a pandemia da Covid-19, influencia diretamente as percepções de mundo dessa geração.

Conquista da geração Z

O poder dos jovens nas urnas não passa despercebido e os esforços para a conquista desse grupo também não. A candidata à presidência dos EUA Kamala Harris, por exemplo, criou um QG da Geração Z para gerar memes virais e transformá-los em estratégia digital.

No Brasil, candidatos às prefeituras também têm feito grandes esforços para chamar atenção da geração Z. No TikTok, plataforma mais utilizada por aqueles entre 27 e 12 anos, segundo estudo da NG. Trends, o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSol), por exemplo – o mais bem posicionado entre a geração Z – tem pouco mais de 428 mil seguidores. Na rede social, Boulos compartilha cortes de debates, memes de gatinhos e faz as famosas trends, termo usado para designar as “modinhas” do momento dentro do app.

“O recorte da geração é uma das variáveis usadas para entender padrões de comportamento humano, mas ainda existem fatores de criação, valores familiares, religião e níveis socioeconômicos que também precisam ser considerados”, explica Thaís. Em seguida, ela expõe a dificuldade que é chamar a atenção especificamente da geração Z.

“Prender a atenção da geração Z  é extremamente difícil, já que eles têm diversos estímulos e consomem muita informação e entretenimento. Humor é, sim, uma estratégia para essa geração. Esse tipo de comunicação funciona muito e é eficaz, principalmente através de vídeos. Porém, existe uma linha muito tênue e é preciso ter cuidado”, explica Thaís Giuliani.

Essa é uma compreensão também exposta pela adolescente Julia. Para a jovem, os candidatos que fazem “mais graça na internet” acabam tendo vantagem entre a geração Z, por mais que ela não concorde com essa abordagem.

“Eu acho que política é um tema mais sério, então, eu não acho legal brincar muito com essas coisas”, expõe a nova eleitora de São Paulo. “Nas redes sociais, as pessoas pegam um recorte muito pequeno e não falam direito sobre a campanha. Acho muito fácil de transmitir fake news, então eu prefiro buscar fontes que eu considero confiáveis”, diz Julia.

 



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Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cerca de 1.836.081 jovens eleitores, de 16 e 17 anos, estão aptos a votar nas eleições municipais de 2024, que ocorrem nos dias 6 e 27 de outubro. Em comparação com o último pleito municipal, em 2020, a participação dos eleitores da geração Z aumentou 78%.

Julia Tereza Makray Esteves, de 16 anos, é uma das jovens que tiraram o título de eleitor para escolher vereador e prefeito para São Paulo. Inicialmente, Julia tirou documento por influência da mãe, mas a jovem diz não se arrepender da decisão. “Eu sei que eu, sozinha, não vou fazer diferença, mas o coletivo de jovens que tirou o título de eleitor, vai. Eu acho bem importante participar do país.”

O professor de ciência política e mestre em psicologia política André Rosa aponta que a questão cívica de jovens eleitores teve um “boom” após as eleições de 2022, impulsionada pela campanha do TSE voltada ao eleitorado jovem. “Um exemplo de política pública que deu certo”, afirma ele.

Para o professor, os candidatos têm buscado capturar o voto da geração Z, que compreende pessoas nascidas entre 1997 e 2012. “O voto da geração Z é fundamental. Foi o voto da geração Z que foi preponderante, eu falo categoricamente, para a eleição do presidente Lula [em 2022]”, argumenta André.

Às vésperas da eleição de 2022, uma pesquisa da Datafolha revelou que Lula tinha mais que o dobro das intenções de voto entre os jovens. Em 2024, na cidade de São Paulo, Boulos aparece à frente entre os mais jovens.

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Valores da geração Z

“Quando se fala de política, os valores que os influenciam, que são questões muito fortes, são o respeito à diversidade, a flexibilidade e a sustentabilidade. Há uma preocupação com o planeta, com o futuro e com o legado. E isso influencia a visão política dessa geração”, explica a doutora em ciências da informação e especialista em geração Z Thaís Giuliani.

Julia, que irá votar pela primeira vez neste domingo (6/10), acredita que os candidatos não estão atentos às preocupações políticas da sua geração. “A grande maioria trata de uma forma bem superficial, principalmente as mudanças climáticas, o que é preocupante. É uma preocupação que a gente precisa estar tendo agora. Não tem mais como colocar isso para depois”, desabafa a adolescente, que adiciona o acesso gratuito à saúde e à educação em sua lista de pautas mais relevantes.

Outro ponto importante sobre o comportamento político da geração Z, de acordo com Thaís Giuliani, é que, diferente de gerações anteriores, que eram espectadores, a geração Z é muito mais participativa.

Para a especialista, os jovens são protagonistas e, por isso, estão mais interessados pela política: eles têm desejo de participar e fazer parte.

“A gente sentava e esperava a programação da TV, você esperava para ver uma novela, um filme ou qualquer coisa que você queria ver. Não existia poder de decisão acerca disso, porque tinha um acesso limitado à informação. Hoje, essa geração não passa por isso. A geração Z não é passiva e mera espectadora. Ela quer fazer parte. Ela quer dar opinião, participar, ser escutada e ouvida.”

Thaís afirma, ainda, que o momento político, econômico e social em que essa geração cresceu, com questões sociais, econômicas e climáticas conturbadas, impeachment presidencial e uma crise humanitária de saúde, com a pandemia da Covid-19, influencia diretamente as percepções de mundo dessa geração.

Conquista da geração Z

O poder dos jovens nas urnas não passa despercebido e os esforços para a conquista desse grupo também não. A candidata à presidência dos EUA Kamala Harris, por exemplo, criou um QG da Geração Z para gerar memes virais e transformá-los em estratégia digital.

No Brasil, candidatos às prefeituras também têm feito grandes esforços para chamar atenção da geração Z. No TikTok, plataforma mais utilizada por aqueles entre 27 e 12 anos, segundo estudo da NG. Trends, o candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSol), por exemplo – o mais bem posicionado entre a geração Z – tem pouco mais de 428 mil seguidores. Na rede social, Boulos compartilha cortes de debates, memes de gatinhos e faz as famosas trends, termo usado para designar as “modinhas” do momento dentro do app.

“O recorte da geração é uma das variáveis usadas para entender padrões de comportamento humano, mas ainda existem fatores de criação, valores familiares, religião e níveis socioeconômicos que também precisam ser considerados”, explica Thaís. Em seguida, ela expõe a dificuldade que é chamar a atenção especificamente da geração Z.

“Prender a atenção da geração Z  é extremamente difícil, já que eles têm diversos estímulos e consomem muita informação e entretenimento. Humor é, sim, uma estratégia para essa geração. Esse tipo de comunicação funciona muito e é eficaz, principalmente através de vídeos. Porém, existe uma linha muito tênue e é preciso ter cuidado”, explica Thaís Giuliani.

Essa é uma compreensão também exposta pela adolescente Julia. Para a jovem, os candidatos que fazem “mais graça na internet” acabam tendo vantagem entre a geração Z, por mais que ela não concorde com essa abordagem.

“Eu acho que política é um tema mais sério, então, eu não acho legal brincar muito com essas coisas”, expõe a nova eleitora de São Paulo. “Nas redes sociais, as pessoas pegam um recorte muito pequeno e não falam direito sobre a campanha. Acho muito fácil de transmitir fake news, então eu prefiro buscar fontes que eu considero confiáveis”, diz Julia.

 

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