Juiz rejeita suspender aumento para vereadores de São Paulo

Está em curso uma ação popular para suspender o aumento de salário que os vereadores de São Paulo deram a si mesmos neste mês. O pedido de suspensão começou a tramitar no Ministério Público (MP), na segunda-feira 18, em caráter de urgência. 

No entanto, o novo juiz que assumiu o caso, Márcio Luigi Teixeira Pinto, rejeitou a liminar para reverter o aumento salarial dos vereadores. O custo do reajuste supera R$ 20 milhões. 

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Ainda é possível contestar a decisão do juiz. É o que o autor da ação judicial, advogado Rhuan Batista, pretende fazer. Até porque, antes da entrada de Teixeira Pinto no processo, a ação corria de outro modo. 

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O advogado, de 25 anos, protocolou a ação popular em 14 de novembro, com pedido de declaração de nulidade do aumento para os vereadores, em intervenção imediata. De início, o MP concordou com todas as proposições do pedido. Igualmente, “a promotoria entendeu pelo total prosseguimento da ação”, disse Rhuan a Oeste.

Todavia, Márcio Luigi Teixeira Pinto indeferiu a concessão da liminar para a suspensão do aumento, sob a justificativa de que não há periculum in mora — isto é, perigo de a demora na tramitação gerar prejuízos. 

Ao contrário da decisão judicial, Rhuan argumenta que o periculum in mora é patente no caso. Isso porque quanto mais tempo demorar o andamento do processo, mais dinheiro sairá do caixa da prefeitura paulistana para bancar o reajuste. 

Advogado move ação popular para suspender aumento dos salários dos vereadores de São PauloAdvogado move ação popular para suspender aumento dos salários dos vereadores de São Paulo
Visto da juíza Carmen Cristina à ação popular | Foto: Reprodução/TJSP

A ação popular tem prazo de cinco anos. Caso a Justiça reverta futuramente o indeferimento da suspensão do aumento, os vereadores teriam de ressarcir o caixa do Estado, em valores corrigidos pela inflação, pelo aumento recebido até ali. No entanto, seria altamente improvável que os vereadores de fato devolvessem o dinheiro recebido até ali, diz Rhuan. 

Por isso, o advogado reforça a necessidade de pressão popular para o andamento do processo. 

A troca de juízes no processo 

Os autos do processo mostram algumas peculiaridades. A juíza original da ação popular, Carmen Cristina Teijeiro e Oliveira, que aprovou tanto o pedido de urgência quanto o encaminhamento do texto ao MP no dia 18, é a primeira juíza de Direito titular da 5ª Vara da Fazenda Pública da capital de São Paulo. 

A divisão tem também uma segunda juíza de Direito titular, Nandra Martins da Silva Machado, que igualmente chegou a ser responsável pelo caso. A ação popular de Rhuan Batista recebeu pareceres favoráveis quando sob a condução das duas. 

No entanto, quem manifestou o primeiro — e, até agora, único — parecer contrário à suspensão do aumento de salários foi Márcio Luigi Teixeira Pinto. Ele publicou o parecer às 23h da última segunda-feira, 25, fora do horário de expediente. A publicação do parecer anterior, de Carmen Cristina, foi às 15h25. 

Juiz rejeitou suspender aumento de salário dos vereadores de São PauloJuiz rejeitou suspender aumento de salário dos vereadores de São Paulo
Trecho da decisão do juiz Márcio Luigi Teixeira Pinto | Foto: Reprodução/TJSP

Além disso, Teixeira Pinto é um juiz de direito auxiliar na Comarca da Capital — ou seja, não tem nenhuma titularidade na 5ª Vara, sob a qual o processo transcorre. O tribunal não deu justificativas para a troca de juiz. 

Pressão popular pode definir o fim do reajuste salarial dos vereadores

Rhuan Batista destaca a necessidade de a população se manifestar publicamente pela suspensão do aumento de salário dos vereadores. “É necessário que as pessoas se manifestem nas redes sociais demonstrando apoio”, disse a Oeste. “Precisa ser uma luta de todos e não só de uma pessoa. É uma ação popular, que interessa a toda a população, constantemente sofrendo abusos nas mãos dos seus representantes.” 

O advogado também encoraja a pressão sobre o Ministério Público do Estado de São Paulo, “uma vez que esse é o fiscal da lei e da ordem jurídica, bem como concordou com a suspensão liminar do aumento e com o prosseguimento da ação popular”. 

Enquanto o salário dos vereadores subiu 37%, o salário mínimo paulista tem previsão de aumento de 5,8% em 2025. Assim, conclui Rhuan, o custo da omissão será um prejuízo de mais de R$ 20 milhões apenas nos próximos quatro anos.





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