Trump e EUA não têm ‘moral’ para falar do Brics, diz Randolfe

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), disse neste sábado, 30, que nem os Estados Unidos nem o presidente eleito, Donald Trump, têm “moral” para criticar o Brics. As declarações foram dadas ao portal Poder360.

A fala veio depois de Trump afirmar que, se o bloco criado por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul avançar na criação de uma moeda própria para transações internacionais, os produtos desses países devem enfrentar uma tarifa de 100% ao entrar no mercado norte-americano.

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“Bem, eu acho que nem ele nem os Estados Unidos estão com essa moral toda para chamarem ao duelo 31,5% do Produto Interno Bruto do planeta e metade da população do mundo que estão reunidos em torno do Brics” , declarou o congressista ao Poder360.

Quando questionado se a base aliada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tomaria alguma medida em resposta à declaração de Trump, o senador foi direto: “De forma alguma”.

Entenda

Caso a promessa de Trump seja concretizada, o impacto seria significativo para o Brics, especialmente para a China, que lidera a iniciativa do bloco. A criação de uma moeda própria tem sido uma das principais pautas nas reuniões do grupo.

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump promete taxar Brics em caso de criação de moeda própria | Foto: Reprodução/Instagram/@realdonaldtrumpPresidente eleito dos EUA, Donald Trump promete taxar Brics em caso de criação de moeda própria | Foto: Reprodução/Instagram/@realdonaldtrump
Presidente eleito dos EUA, Donald Trump promete taxar Brics em caso de criação de moeda própria | Foto: Reprodução/Instagram/@realdonaldtrump

“A ideia dos países do Brics de se afastarem do dólar enquanto ficamos parados e assistimos ACABOU”, escreveu Trump na rede Truth Social. “Exigimos um compromisso desses países de que eles não criarão uma nova moeda Brics nem apoiarão nenhuma outra moeda para substituir o poderoso dólar americano ou enfrentarão tarifas de 100% e podem se preparar para dizer adeus à venda para a maravilhosa economia dos EUA.”

“Eles podem ir encontrar outro otário!”, acrescentou. “Não há chance de os Brics substituírem o dólar americano no comércio internacional — e qualquer país que tente deve dar adeus à América.”

Lula defende criação de moeda para o Brics

Em outubro, durante a Cúpula do Brics em Kazan, na Rússia, Lula defendeu a criação de um mecanismo alternativo de pagamento entre os países do bloco. Segundo o petista, a ideia não é substituir as moedas nacionais, mas desenvolver uma forma de facilitar transações comerciais entre os integrantes.

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Na cúpula anterior, realizada em 2023, em Joanesburgo, na África do Sul, Lula já havia defendido a ideia de que o Brics adotasse outra moeda para o comércio, em vez do dólar. No entanto, o comunicado final assinado pelos cinco líderes tratou o tema como um projeto para o futuro.

Foi criada uma comissão para que os ministros da Fazenda do bloco apresentassem propostas, mas, até agora, poucos avanços concretos foram feitos.

O texto final da cúpula de 2024 mencionou a necessidade de fortalecer mecanismos de financiamento e comércio em moedas locais, como forma de reduzir a dependência do dólar, mas sem apresentar medidas definitivas.

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Já em abril de 2023, durante uma cerimônia em Xangai, onde Dilma Rousseff assumiu a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) — o Banco do Brics —, Lula defendeu a ideia de que os países do bloco realizem transações comerciais com as próprias moedas.

Lula disse que a mudança de moeda “é difícil, porque tem gente mal acostumada”, mas destacou a necessidade da medida. “Por que todos os países são obrigados a fazer seu comércio lastreado no dólar?”, perguntou. “Por que não o iene? Por que não o real?”



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