No Chile, ministra de Lula defende ‘aborto legal’ para crianças

Durante uma conferência em Santiago, no Chile, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, defendeu o “aborto legal” para crianças. Ela chegou a admitir a derrota do governo Lula na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara  com a aprovação da PEC da Vida, mas disse que vai “lutar” contra a proposta. 

“A PEC [anti-aborto] criminaliza as mulheres e criminaliza os profissionais de saúde”, disse a ministra de Lula nesta quinta-feira, 5, na 66ª Reunião da Mesa Diretora da Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe. “Desde então, a minha luta é para que essa PEC vá lá para o canto.”

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Cida Gonçalves alegou que os parlamentares querem “retroceder nos corpos das mulheres, proibindo as mulheres daquilo que é essencialmente direito delas”. Para defender o aborto, a ministra citou dados que mostram o aumento da violência sexual infantil na gestão petista.

“O mais grave: nós tivemos aumento de 20% em casos de violência sexual contra crianças de 0 a 5 anos, e de 25% contra crianças de 5 a 9 anos. Essa é a realidade do Brasil e são essas meninas que estão brigando na Justiça pelo direito ao aborto legal”, declarou. 

A integrante do alto escalão não citou, no entanto, medidas elaboradas pelo governo para diminuir os índices. Cida Gonçalves afirmou que os parlamentares “tentam fazer com que as meninas e crianças sejam mães e os estupradores sejam pais”.

“Precisamos entender que é isto que está acontecendo, inclusive para enfrentá-los. Quero dizer que temos de voltar a discutir os direitos sexuais e reprodutivos. Precisamos colocar em pauta questões fundamentais como o planejamento familiar, o acesso à informação e os direitos sobre o nosso corpo”, acrescentou. 

Depois de defender o aborto, ministra de Lula culpa “misoginia” pelo aumento de estupros e feminicídios

Cida Gonçalves também falou sobre o aumento dos casos de estupros, feminicídios e violência contra a mulher no país. A ministra culpou o “problema preocupante” da “misoginia”.

“Não podemos fingir que não há polarização e ódio e que esse ódio é dirigido, sobretudo, aos corpos e às vozes das mulheres”, declarou. “Nós estamos respondendo e pagando por isso, porque quando não nos matam por feminicídios, eles nos calam via violência política de gênero, via rede social.”

A ministra disse estar disposta a “discutir a misoginia que vemos hoje, nas redes sociais, que tem tirado as mulheres das esferas públicas, as lideranças, as defensoras de direitos humanos”.



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