Funcionários do BRT denunciam abusos da Mobi-Rio e debatem paralisação no carnaval

Rodoviários e funcionários que trabalham no BRT denunciam supostos abusos cometidos pela empresa Mobi-Rio, que opera os ônibus articulados, como excesso de jornada, assédio moral, constrangimento ilegal e abuso de poder. Trabalhadores discutem uma paralisação, ainda durante o período do carnaval. O Sindicato dos Rodoviários, por sua vez, pede a mediação do Ministério Público do Trabalho (MPT).

De acordo com o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Sebastião José, desde o ano passado, a entidade vem recebendo denúncias da categoria sobre as possíveis irregularidades cometidas pela empresa, sobretudo, após uma demissão em massa.

“Para se ter uma ideia, a Mobi-Rio, empresa que administra o BRT, já realizou 70 homologações para dispensa de motoristas; só que eles esqueceram que acima de 10 homologações é necessário a realização de um acordo coletivo, por isso pedimos a presença do MPT para que esse imbróglio termine”, diz o presidente.

A orientação do sindicato é para que motoristas que trabalham no BRT não façam nenhuma paralisação durante o Carnaval e aguardem o posicionamento do MPT em relação à representação feita pelo sindicato, que pede que ele intervenha e seja mediador de um encontro entre a direção do sindicato e a Mobi-Rio. No entanto, é grande a insatisfação dos profissionais com a direção da empresa.

“Estamos conversando com os motoristas que atuam no BRT para aguardarem uma posição do sindicato e não tomarem nenhuma posição drástica, como uma possível paralisação durante o carnaval. Não adianta ter uma empresa modelo que ajudou na reeleição do prefeito, se ela hoje mantém uma relação com seus empregados pior do que quando os operadores eram da iniciativa privada. Esperamos que o prefeito tome alguma providência, evitando assim que os usuários não sejam prejudicados; até porque os motoristas podem resolver realizar uma paralisação à revelia da direção do sindicato”, diz a liderança.

Sindicato cobra transparência

O presidente do sindicato ainda afirma que reuniões, através de videoconferência, chegaram a acontecer entre as lideranças e a empresa no dia 21 de novembro e outra no dia 5 de dezembro. Segundo o presidente, a empresa se comprometeu de enviar os documentos solicitados pelo sindicato “provando que ela não age de má fé com os trabalhadores”, mas até agora nada foi encaminhado.

Na última reunião realizada em dezembro, a Mobi-Rio alegou não poder enviar a documentação baseada na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Porém, segundo Sebastião, essa lei abre uma exceção para o sindicato por ser o órgão fiscalizador da categoria, pois não há condição de apurar possíveis irregularidades sem ter acesso a documentação.

“Na verdade essa alegação é improcedente, já que solicitamos apenas guias ministeriais e dados operacionais por amostragem, e não dados completos da empresa. Esse comportamento comprova as irregularidades denunciadas pelos profissionais que lá atuam” conclui o presidente do sindicato.

Procurada pelo TEMPO REAL, a Prefeitura do Rio, responsável pela empresa pública que administra os ônibus articulados, não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto.



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