A Polícia Federal (PF) aponta José Marcos Moura, empresário do setor de limpeza urbana conhecido como “Rei do Lixo”, como articulador político e operador de influência no esquema de desvio de emendas investigado na Operação Overclean.
Segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Moura movimentou R$ 80,2 milhões em transações suspeitas e transferiu R$ 435 mil para uma autoridade com foro privilegiado, cuja identidade não foi revelada.
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As informações constam na decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a terceira fase da operação, deflagrada na semana passada.
💸👮#OPERAÇÃOPF | PF e @CGUonline desarticulam organização criminosa responsável por desvios milionários. Operação Overclean apurou que a organização tenha movimentado cerca de R$1,4 bilhão. Foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e 1 mandado de afastamento de função… pic.twitter.com/TzUeZa4piy
— Polícia Federal (@policiafederal) April 3, 2025
De acordo com a PF, Moura seria um dos líderes do “núcleo central” do esquema. Ele é descrito na investigação como uma figura influente e bem relacionada entre os políticos, especialmente em prefeituras da Bahia. Além disso, o empresário teria interferido em nomeações até na Prefeitura de Belo Horizonte.
“José Marcos Moura exerce papel de liderança e articulação central dentro da Orcrim”, escreveu a PF em um dos relatórios do inquérito. “É responsável pelo financiamento das operações ilícitas, pela coordenação das atividades criminosas e pela expansão da influência da organização, sobretudo dentro da administração pública.”
STF deu habeas corpus ao “Rei do Lixo” até a conclusão do inquérito
O “Rei do Lixo” chegou a ser preso durante a investigação, mas conseguiu um habeas corpus para aguardar a conclusão do inquérito em liberdade. Ele voltou a ser alvo de buscas na terceira fase da operação. A PF pediu um novo mandado de prisão, mas Nunes Marques negou o pedido, por considerar não haver fatos novos que justifiquem a detenção.


“Da análise dos autos, observo que não houve demonstração de fatos novos, ocorridos posteriormente ao deferimento das medidas cautelares diversas das prisões pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região, que impusessem, na atual fase do procedimento investigatório, o restabelecimento das custódias preventivas”, disse o ministro.
A Operação Overclean já identificou mais de cem suspeitos de envolvimento no esquema e continua decifrando codinomes encontrados em planilhas apreendidas nas primeiras fases da investigação, deflagradas em dezembro de 2024.
A PF e a Controladoria-Geral da União (CGU) estimam que o esquema de fraudes e superfaturamento investigado na operação tenha movimentado aproximadamente R$ 1,4 bilhão.