As empresas estatais federais, estaduais e municipais iniciaram 2025 com as contas no vermelho. No primeiro bimestre, o déficit acumulado foi de R$ 707 milhões, segundo relatório divulgado pelo Banco Central (BC) nesta terça-feira, 8.
O resultado representa uma queda de 39,5% em relação ao mesmo período de 2024, quando o déficit chegou a R$ 1,168 bilhão. As estatais federais puxaram o número para baixo, com prejuízo de R$ 989 milhões. Já as estaduais apresentaram superavit de R$ 681 milhões, enquanto as municipais somaram saldo negativo de R$ 398 milhões.
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Apenas em fevereiro, as empresas públicas tiveram superavit de R$ 299 milhões, isto é, uma redução de 38% sobre os R$ 482,8 milhões obtidos no mesmo mês de 2024. Apesar da melhora pontual, os dados revelam dificuldades estruturais no setor. O BC é o responsável pela metodologia usada no levantamento.
O cálculo considera apenas as estatais não financeiras — ficam de fora empresas como Banco do Brasil, Caixa e Petrobras. A metodologia, chamada de “abaixo da linha”, compara o nível de endividamento entre dois períodos. Isso permite estimar a real necessidade de financiamento dos entes públicos.
Segundo o BC, os dados refletem o comportamento financeiro de empresas controladas pela União, Estados e municípios. A autoridade monetária avalia o desempenho fiscal como parte do monitoramento da dívida pública. A periodicidade do levantamento garante acompanhamento mais regular que os dados oficiais do Tesouro Nacional.
Governo defende investimentos como causa do déficit das estatais
Em 2024, o setor fechou o ano com o maior déficit da história: R$ 8,07 bilhões. Desse total, R$ 6,73 bilhões partiram de estatais federais. O governo Lula nega a existência de um rombo e argumenta que os resultados negativos são consequência de investimentos feitos com recursos em caixa.
Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, afirma que os dados não indicam desequilíbrio fiscal. Em entrevista à EBC, ela justifica que o resultado considera apenas receitas e despesas do ano. Nesse sentido, muitas estatais utilizam recursos próprios para investir, sem gerar endividamento.
Dweck ressalta que os investimentos cresceram 40% em 2024 em comparação com 2023. Em relação a 2022, o aumento foi próximo de 100%. A ministra defende que esse movimento demonstra fortalecimento das empresas públicas, apesar do saldo fiscal negativo no curto prazo.
Diferença metodológica afeta leitura sobre contas das estatais
O Ministério da Gestão trabalha com dados extraídos dos balanços das próprias empresas. As estatais costumam publicar esses números com menor frequência, o que dificulta o monitoramento contínuo. Elas podem divulgar os relatórios de forma semestral ou até anual, conforme seus próprios cronogramas.
Enquanto isso, o Banco Central mantém atualizações regulares. Seus dados são usados como referência por analistas e economistas para medir a sustentabilidade fiscal. A diferença entre os cálculos oficiais e os métodos do BC se dá pela abordagem: o Tesouro adota o modelo “acima da linha”.
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Tanto um quanto outro servem para avaliar a saúde financeira do setor estatal. A diferença está no foco de cada metodologia e na frequência da divulgação. Apesar da controvérsia, o dado mais recente confirma a continuidade do desequilíbrio nas contas das estatais brasileiras.