O deputado federal Luciano Zucco (PL-RS) defendeu a expulsão do colega Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), único membro do Partido Liberal a não votar pela urgência do projeto de anistia aos presos do 8 de janeiro, em entrevista ao Oeste sem Filtro desta quarta-feira, 16.
Zucco classificou o comportamento do parlamentar como uma afronta à maioria do partido e afirmou que, “por mais experiência que ele tenha, ele não poderia ter se pronunciado contra 99 deputados”. Na avaliação do deputado gaúcho, o opositor agiu motivado por “fraqueza moral”.
A declaração veio no contexto da articulação para avançar o projeto de lei que anistia os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que já teria, segundo Zucco, apoio majoritário na Câmara. “Temos hoje a maioria dos deputados para aprovar a anistia”, revelou.
O parlamentar rejeitou a tese de que o apoio à proposta seja uma afronta à legalidade. “A anistia é uma pauta de justiça”, defendeu. “Há pessoas que não cometeram golpe nenhum, e na verdade muitas delas estão presas politicamente.”
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STF de olho na anistia
Ao ser perguntado sobre uma possível reação do Supremo Tribunal Federal (STF), caso o projeto seja aprovado nas duas Casas do Congresso, Zucco demonstrou preocupação com o que chamou de “discrepância de valores”.
Ao comparar os casos de presos do 8 de janeiro com figuras condenadas por corrupção, ele lembrou que o STF “muitas vezes libera líderes criminosos, arquiva processos, casos de corrupção” e citou a liberdade concedida aos políticos Sérgio Cabral, Antonio Palocci e José Dirceu, enquanto “Débora [dos Santos] está presa e condenada a 14 anos”.
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“No momento que tu tens essa disparidade, essa discrepância de valores, onde tu participou do evento, onde houve depredação e nós não escondemos isso, mas porque está de camisa verde e amarela é golpe, enquanto a mesma depredação do MST está de camisa vermelha é protesto”, denunciou.
Zucco também se disse ciente de possíveis manobras para barrar o projeto, mas garantiu que “não só temos votos hoje, como vai ainda aumentar o número se [a anistia] for pautada” pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).
Motta sob pressão
Ele classificou como contraditória a postura de Motta de aguardar o posicionamento das lideranças partidárias. “Como é que ele vai perguntar para o líder, para o líder ficar contra a maioria do seu partido?”, perguntou.
“Não quero crer que ele vai colocar uma bancada contra uma liderança”, disse Zucco, que completou: “Se a palavra ainda vale, ele vai pautar a anistia e a gente vai poder passar essa responsabilidade para o plenário.”


Ele disse ainda que o Congresso acordou para a crise institucional. “Esse mesmo centrão, que é quem conduz, infelizmente, a política nacional, acordou”, analisou. “Ele está vendo que em 2026 nós temos uma certeza: teremos um governo conservador de direita. Vocês podem ter certeza, o PT não volta mais, está desesperado, essa é a realidade.”
Para Zucco, há um movimento maior em curso. “Nós queremos virar a página e pensar no Brasil, deixe nós pensarmos no Brasil”, pediu. “Precisamos que esse governo realmente tenha um projeto de nação.”
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