Em contato com Eustáquio, Tagliaferro cogitou sair do Brasil

Eduardo Tagliaferro, perito judicial investigado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sob suspeita de ter vazado informações confidenciais de conversas com a equipe do magistrado, teria entrado em contato com o jornalista Oswaldo Eustáquio, que está na Espanha e busca asilo político, e alegado perseguição por parte de Moraes.

+ Leia mais notícias de Política em Oeste

A Polícia Federal obteve acesso a mensagens de WhatsApp de Tagliaferro, depois uma quebra de sigilo telemático autorizada. Segundo a Gazeta do Povo, elas revelam diálogos do perito com Eustáquio.

Em uma videochamada, o jornalista sugeriu maneiras para Tagliaferro se estabelecer fora do Brasil. O perito, por sua vez, expressou preocupações sobre o sustento de sua família no exterior. A defesa de Tagliaferro afirmou que ele não planeja deixar o país.

Mensagens revelam preocupações de Tagliaferro

Chamada de vídeo entre Tagliaferro e EustáquioChamada de vídeo entre Tagliaferro e Eustáquio
Chamada de vídeo entre Tagliaferro e Eustáquio | Foto: Reprodução/Gazeta do Povo

Mensagens dos dias 2 e 12 de setembro de 2024 mostram que Tagliaferro recebeu imagens enviadas por sua mulher e solicitou o contato de Eustáquio. O jornalista teve seu pedido de extradição negado pela Justiça espanhola, que apontou motivação política nas investigações conduzidas por Moraes.

Leia também: “A pedra no sapato de Alexandre de Moraes”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 264 da Revista Oeste

Entre agosto de 2022 e maio de 2023, Tagliaferro chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criada para monitorar críticas à atuação do STF e de Moraes. Na época do contato com Eustáquio, a investigação da PF estava no início.

Nessas mensagens captadas, Tagliaferro manifestou temor de represálias de Moraes. Ele escreveu à mulher, em março: “Se eu falar algo, o Ministro me mata ou me prende”. Tagliaferro também expressou vontade de “contar tudo de Brasília” antes de qualquer eventualidade.

YouTube videoYouTube video

As imagens da videochamada entre Tagliaferro e Eustáquio foram divulgados em março, pelo jornalista Sérgio Tavares. Em resposta, Tagliaferro afirmou, em vídeo, que era fake news a hipótese de deixar o Brasil. Posteriormente, a PF enviou ao STF um indiciamento contra ele, acusando-o de violação de sigilo funcional — crime com pena de até seis anos de prisão.

Processos judiciais e defesa

Fachada da PGR, sede administrativa do Ministério Público Federal, em BrasíliaFachada da PGR, sede administrativa do Ministério Público Federal, em Brasília
Fachada da PGR, sede administrativa do Ministério Público Federal, em Brasília | Foto: José Cruz/Agência Brasil

O relatório final está com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que decidirá se abre uma denúncia ou arquiva o caso. A defesa de Tagliaferro visitou a PGR para contestar o indiciamento. O advogado Igor Lopes reafirmou a confiança na Justiça e que “quaisquer sugestões, de quem quer que seja, jamais foram levadas a efeito”.

Leia mais: “Sieg Moraes”, artigo de Tiago Pavinatto publicado na Edição 264 da Revista Oeste

A PF disponibilizou, em abril, novas mensagens de Tagliaferro, em uma pasta pública na internet. No entanto, houve a remoção desse material, depois de questionamentos sobre a divulgação de conversas privadas. A Polícia Federal e o ministro Moraes não comentaram sobre o procedimento.



NOTÍCIA