Manifestação de médicos compromete atendimentos em clínicas da família

Uma manifestação de médicos afeta atendimentos em diversas clínicas da família nesta quarta-feira (21), no Rio. O protesto pede melhorias de infraestrutura e reajuste salarial.

A categoria afirma que está há mais de 4 anos sem reajuste dos salários. um médico que pediu para ser identificado apenas como Gustavo, que trabalha em uma Clínica da Família do Rio, afirma que os funcionários estão em condições precárias de trabalho e de atendimento à população.

“As equipes estão muito inchadas. Uma equipe, que tem um médico, é responsável pelo cuidado de mais de 3.500 pessoas. A falta de medicação também é muito comum”, explicou Gustavo.

Uma imagem enviada para o TEMPO REAL mostra a sobrecarga de atendimentos de um médico. A agenda mostra que o profissional realizou mais de 80 atendimentos em um mesmo dia.

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A comunidade das médicas e dos médicos as Clínicas da Família e da Atenção Primária à Saúde do Rio chegou a redigir uma carta aberta sobre a paralisação.

“Pagar salários em dia, garantir materiais básicos ou manter o funcionamento das unidades não são conquistas extraordinárias — são obrigações elementares de qualquer gestão pública comprometida com o SUS. O discurso institucional não pode se apoiar em uma narrativa de sucesso enquanto os profissionais seguem sobrecarregados, desvalorizados e tendo direitos descumpridos sem qualquer justificativa”.

Secretário rebate reclamações

A Secretaria Municipal de Saúde, no entanto, afirma que não recebeu nenhum pedido de reunião da categoria. O secretário da pasta, Daniel Soranz, declarou ainda que o aumento não vai ser concedido.

“Não havera aumento de salário. O médico da família do Rio tem o maior salário entre as demais cidades da região, tem as melhores condições de trabalho do país. A gente considera que essas questões de infraestrutura têm que melhorar, mas são melhores que muitas outras”, disse Soranz.

Em nota, a pasta afirmou que o rendimento médio é de R$ 16.862,10, podendo chegar a R$ 31 mil com variáveis de especialização e desempenho.

“A SMS não considera o movimento legítimo e não vai admitir prejuízo à assistência da população. Os profissionais que não comparecerem ao trabalho sem prévio aviso e deixarem de atender os pacientes receberão advertência, podendo ser demitidos”, emendou a secretaria.

O médico Luiz do Amaral, no entanto, explica que as reivindicações vão além do pedido de reajuste salarial, mas sim, de condições melhores de trabalho.

“Isso acontece com muita frequência — de a gente trabalhar sem medicações muito básicas, muito essenciais para o nosso trabalho, tipo antibiótipos, anti-pertensivos. Então, pacientes que são diabéticos, precisam de insulina, muitas vezes não conseguem pegar medicação. Isso é uma coisa antiga e que perpassa a gestões.”, declarou.

As reivindicações chegaram ao Conselho de Medicina do Rio, que, em nota, informou que é fundamental um planejamento de ações, que não sejam apenas pontuais, mas também construtivas, objetivas e recorrentes.

Em atualização.



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