A nova pedalada fiscal do governo Lula

O deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PL-SP) declarou, em entrevista ao Jornal da Oeste, nesta terça-feira, 22, que suspeita que o governo Luiz Inácio Lula da Silva pratique pedalada fiscal de uma maneira nova, através de fundos privados.

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Esses fundos, criados através de leis federais, acabam usados pelo Executivo para fomentar políticas públicas alheias à lei original, segundo o deputado. “Não estão sob a égide do arcabouço fiscal”, afirmou Luiz Philippe, ao dizer que esses gastos violam as regras fiscais “que a própria esquerda se impôs e pediu pro Congresso aprovar”.

Assim, o deputado considera que há suspeita de que os fundos privados sejam usados para que os gastos extrapolem o limite do arcabouço fiscal, manobra conhecida como “pedalada”. “Temos de ter muito rigor com relação a isso, porque estão agindo fora da lei”, disse Luiz Philippe. “Se for esse o caso, já sabemos o resultado de um governo que pratica pedalada fiscal”, acrescentou deputado, em referência ao escândalo que derrubou o governo da petista Dilma Rousseff, em 2016. “A gente aliviou muito, nesses quesitos, o que tornaria um Presidente da República inelegível, ou no caso, impeachmado.”

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Luiz Philippe avalia que as pedaladas fiscais podem causar inflação no país, pois o governo poderia gastar mais do que arrecadou — mas de maneira não transparente.

Assim, para o deputado, esses gastos não estão sendo contabilizados como sendo gastos de governo. Ele ainda afirma que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a economia e a inflação estão distorcidos.

“Este é um crime de lesa-pátria, mas também de lesa-cidadão, pois está prejudicando toda aquela estabilidade fiscal que traz a estabilidade monetária e econômica para o país”, disse o deputado. “Desses desvios que ocorrem, sabemos, tem muito esquema de corrupção em cima disso.”

O ex-procurador e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol.O ex-procurador e coordenador da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol.
Dallagnol foi um dos membros da força-tarefa da Operação Lava-Jato | Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Luiz Philippe ainda citou a Operação Lava Jato como um conjunto de procuradores e juízes que “queriam ver, de fato, o fim da corrupção no Brasil”. Hoje, com a operação já encerrada, “as práticas voltaram e os impactos negativos dessas práticas também voltaram” e diz que é necessário agir “antes que tenhamos uma crise muito profunda”

“Se isso não é o bastante para impeachmar um presidente, o que mais vamos fazer?”, indagou Luiz Philippe, que ressalta a necessidade de essas manobras fiscais serem mais conhecidas pela população. Para ele, é preciso “ter mais conscientização da população e também cobrança junto dos demais deputados”, bem como “de um movimento de opinião pública”.

Luiz Philippe, eleito com mais de 79 mil votos em 2022, considera que a população está mais atenta ao governo. “As redes estão muito mais ativas e o eleitor está muito mais consciente do problema”, disse.

Luiz Philippe: ‘A esquerda perdeu nas eleições municipais’

Interpelado pelo âncora do Jornal da Oeste, Vitor Brown, sobre o saldo da direita e da esquerda nas eleições municipais deste ano, o deputado paulista considera que a esquerda saiu no prejuízo.

“O contexto nítido é que a esquerda perdeu, já sabíamos disso”, disse Luiz Philippe, que acredita que “as narrativas, os modelos, as propostas de políticas públicas, as propostas econômicas, o modus operandi da esquerda não tem mais como sustentar”.

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Para ele, as eleições deixaram claro que a população “não quer ver uma volta ao passado, um passado recente e trágico”. O deputado avalia que, para o futuro, a verdadeira disputa será entre os partidos do chamado “centrão” e os partidos da direita conservadora.

“A próxima eleição será entre direita versus centrão, com o centrão ocupando o espaço dessa esquerda defunta, mais radical”, observou Luiz Philippe. Ele ainda separou a esquerda entre dois grupos: a “nova esquerda”, identificada com o globalismo e o identitarismo, quanto a “velha esquerda”, trabalhista e estatista do século 20.

Luiz Philippe de Orleans e BragançaLuiz Philippe de Orleans e Bragança
Deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP) | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O governo Lula na Câmara dos Deputados

Luiz Philippe revelou seu desejo que seu partido, o PL, lance candidato próprio à presidência da Câmara, pois considera “importante para o partido fazer essa conjunção e abrigar esse movimento antissistema”, que, para ele, “precisa de um respaldo partidário, e que seja o PL”.

Ele considera que, se o partido começar a se posicionar em prol do “sistema”, ou junto dos partidos da base aliada do governo Lula, isso “não vai ser bom para o partido, e certamente não vai ser bom para o país”.

No entanto, o deputado reconhece que o centrão é o maior bloco político do Congresso, com mais de 250 deputados. “Praticamente todos os deputados que se apresentaram para serem presidentes da Câmara são representantes do centrão, de partidos do centro.”

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Outro fator que Luiz Philippe considera negativo é que os candidatos são de Estados do Norte e Nordeste, que concentram a minoria da população brasileira. “Na Câmara, 45% da representatividade é Norte e Nordeste, mas somente pouquinho mais de 30% da população brasileira é do Norte e Nordeste”, disse. Assim, para o deputado, mais de 70% da população do país não está representada na presidência da Câmara.

Essa predominância das regiões Norte e Nordeste na presidência da Casa se dá pelos interesses políticos destes deputados em suas bases eleitorais, segundo Luiz Philippe.

“Tem o Sul, Sudeste e Centro-Oeste extremamente produtivos e autônomos, que acabam financiando programas e uma série de repasses para Estados do Norte e Nordeste que não chegam na ponta”, disse o deputado.

Deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança | Foto: Divulgação/Câmara dos DeputadosDeputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança | Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados
Deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança | Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados

“Você não consegue ver cidades desenvolvidas, a população recebendo exatamente aquele benefício de um aumento no Índice de Desenvolvimento Humano naquela região”, considerou o deputado, ao avaliar que essas regiões “continuam com os mesmos problemas políticos do século passado”.

“Então, esses repasses estão funcionando?”, indagou o deputado. “Para quem estão indo esses repasses estruturais?”. Ele questiona os reais motivos do interesse dos deputados daquelas regiões no cargo de presidente da Câmara. “É de fato para representar o Legislativo ou é para fazer negócio e manter o esquema do sistema caminhando?”.

Luiz Philippe conclui que o poder da presidência da Câmara é “vendido” ao Executivo, que comanda o Orçamento federal. “É exatamente esse tipo de prática que acho que é nociva para o Parlamento e também é nociva para o governo”, concluiu

Leia também: “A nova pedalada do PT de Lula”, artigo de Wilson Lima publicado na Edição 09 da Revista Oeste



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