Brasil e Colômbia exigem atas eleitorais da Venezuela

Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, emitiram uma declaração conjunta neste sábado, 24, na qual exigem que as autoridades venezuelanas publiquem as atas da eleição presidencial de 28 de julho.

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O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela declarou a vitória do ditador Nicolás Maduro. Tal resultado veio poucas horas depois do fim da votação, mesmo sem qualquer apresentação das atas eleitorais.

Na última quinta-feira, 22, o Tribunal Supremo de Justiça venezuelano proibiu a divulgação dos documentos, e reiterou o parecer do CNE. Os dois órgãos são comandados pelo regime chavista.

Ao contrário do Brasil e Colômbia, comunidade internacional rejeita resultados eleitorais da Venezuela

A oposição acusa o governo de fraude. Também afirma que a vitória no pleito foi do diplomata Edmundo González, que teria recebido 70% dos votos.

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Ontem, os Estados Unidos, a União Europeia e dez países da América Latina, além da Organização dos Estados Americanos, rejeitaram a decisão do TSJ de respaldar a vitória de Maduro.

“Ambos os presidentes [do Brasil e da Colômbia] permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis”, afirma o comunicado conjunto.

Brasil e Colômbia falam em ‘diálogo pacífico’ na Venezuela

Lula e Petro destacaram que a normalização política da Venezuela requer o reconhecimento de que não há uma alternativa duradoura ao diálogo pacífico. Falaram ainda em “convivência democrática na diversidade”.

“Os dois presidentes conclamam todos os envolvidos a evitar recorrer a atos de violência e à repressão”, diz o comunicado.

Comunicado conjunto e interesses regionais

Depois de conversas por telefone na sexta-feira 23, e no sábado, 24, Lula e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acertaram o texto da nota.

A declaração buscou enfatizar que Brasil e Colômbia são diretamente interessados na estabilidade da Venezuela e da região. Os chefes do Executivo afirmaram que mantêm canais de comunicação abertos com ambas as partes e estão dispostos a facilitar o entendimento entre elas.

“Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral e reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação”, diz trecho da declaração.

Críticas às sanções e decisão do TSJ venezuelano

Os dois países também se manifestaram contra a aplicação de sanções como instrumento de pressão à Venezuela. Eles consideram a medida “contrária ao direito internacional e prejudiciais à população, especialmente aos mais vulneráveis”.

Na sexta-feira, EUA, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai também emitiram um comunicado conjunto, afirmando que não reconhecem a decisão da Justiça venezuelana e questionam a vitória de Maduro.

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A OEA rejeitou completamente a decisão do Supremo venezuelano. A organização afirmou que o CNE proclamou Maduro reeleito de maneira apressada, com base em boletim parcial oral e números que evidenciavam impossibilidades matemáticas.

Reação europeia e resposta do TSJ

União Europeia não vai reconhecer vitória de Maduro até publicação das atasUnião Europeia não vai reconhecer vitória de Maduro até publicação das atas
Josep Borrell, representante da União Europeia, também exige atas que confirmem a legitimidade das eleições na Venezuela | Foto: Reprodução/Twitter/X

Josep Borrell, alto representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, afirmou que a UE não reconhecerá o novo governo de Maduro sem provas verificáveis de sua vitória eleitoral.

O TSJ, considerado um braço de Maduro no Judiciário, disse ter realizado uma auditoria das eleições a pedido do ditador. A presidente da Corte, Caryslia Rodriguez, avisou que a decisão é irreversível, e quem contestá-la não poderá concorrer nas próximas eleições.



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