Uma análise política detalhada sugere que o campo da direita no Rio de Janeiro tem se fragmentado, enquanto o centrão consolida sua influência. O tema veio à tona após um encontro realizado na última sexta-feira, em São Gonçalo, na propriedade de Altineu Côrtes, presidente estadual do Partido Liberal (PL). O evento reuniu lideranças políticas como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro e o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, entre outros.
Uma mudança no espectro político
Para analistas, o encontro evidenciou um deslocamento ideológico do grupo, que antes se apresentava como um bastião da direita conservadora no estado. Segundo os participantes, Washington Reis foi apontado como “o melhor candidato do grupo”. No entanto, sua posição como uma figura central do centrão gerou críticas de que o bloco estaria longe de representar os valores conservadores tradicionalmente associados à direita. “Eles podem até ter algumas agendas consideradas conservadoras, mas estão muito longe de ser de direita. Esse foi um encontro do centrão, não da centro-direita,” observou um analista político.
Fragmentação e disputa interna
O evento destacou as divergências internas entre lideranças políticas. Nomes como Doutor Luizinho, presidente do Progressistas (PP), e o próprio Altineu Côrtes foram citados como parte desse bloco centrista. A ausência de uma identidade coesa levanta dúvidas sobre a capacidade do grupo de liderar um projeto político alinhado à direita.
A análise apontou ainda a posição do prefeito Eduardo Paes como exemplo de pragmatismo político. Embora Paes tenha histórico de alinhamento com governos de centro, sua estratégia atual busca se distanciar do grupo liderado por Bolsonaro e Washington Reis. “Paes tem uma linha ideológica mais conectada ao centro político, enquanto o centrão é marcado por alianças pragmáticas, sem compromisso com ideologias claras.”
Washington Reis e sua inelegibilidade
A escolha de Washington Reis como figura central também foi questionada devido à sua inelegibilidade, que deve se estender até 2026. O apoio a seu nome foi criticado como prejudicial para o estado. “A fala do senador Flávio Bolsonaro a favor de Reis é uma das coisas mais preocupantes para o futuro político do Rio,” comentou um analista.
O papel de Eduardo Paes e o cenário para 2026
Na disputa pelo governo estadual em 2026, Eduardo Paes, atualmente prefeito do Rio, desponta como um favorito. A expectativa é que ele se posicione como uma alternativa ao grupo liderado por Bolsonaro e Washington Reis. Enquanto em 2018 Paes era associado ao sistema político do ex-governador Sérgio Cabral e de Jorge Picciani, agora busca se apresentar como oposição ao bloco político dominante.
Conclusão: um centrão fortalecido
A análise conclui que o bolsonarismo, outrora visto como uma força conservadora, está em transição para uma posição mais central no espectro político. “O bolsonarismo como o conhecemos tornou-se uma minoria. Hoje, o que existe é um grande centrão,” finalizou o analista.
Essa mudança deixa um vácuo para a direita no Rio de Janeiro, abrindo espaço para novas lideranças ou um reagrupamento ideológico nos próximos anos.