O cirurgião vascular Armando Lobato explicou o diagnóstico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O chefe do Executivo passou por uma cirurgia às pressas nesta semana para tratar uma hemorragia intracraniana. Ele deve receber alta nos próximos dias.
Na última segunda-feira, 9, Lula sentiu fortes dores de cabeça e foi encaminhado ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Os sintomas são decorrentes de uma queda que o presidente teve em outubro deste ano. Na ocasião, o petista bateu a cabeça e precisou levar pontos.
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Segundo o cirurgião vascular, é comum que o quadro do paciente avance depois de alguns meses da queda. O presidente teria tido um hematoma subdural crônico, que pode se formar semanas depois da lesão inicial.
“Em pessoas idosas, isso é mais frequente devido à maior fragilidade dos vasos sanguíneos e ao aumento do espaço entre o cérebro e o crânio (devido à atrofia cerebral), permitindo maior movimentação do cérebro e risco de novas lesões vasculares”, explicou Lobato a Oeste.
Baixo risco de retorno do hematoma
O neurologista Rogério Tuma, da equipe médica de Lula, avaliou que o risco do hematoma de Lula se repetir é menor que 5%. O médico informou que grande parte do ferimento já cicatrizou. Contudo, o presidente desenvolveu um higroma.
“É como se fosse um hematoma mais líquido dos dois lados do crânio”, disse Tuma. “Do lado esquerdo, houve um crescimento, depois uma diminuição, aí ele se refez mais agudamente. Do outro lado, teve um crescimento muito lento, depois foi absorvido e desapareceu.”
Lobato, entretanto, explicou que o sangramento pode retornar em até 20% dos casos, mas aliados a fatores de risco, como hipertensão, uso de anticoagulantes ou fragilidade vascular. “O monitoramento médico regular será crucial para detectar qualquer sinal de recorrência.”
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De acordo com o cirurgião, o sangramento intracraniano, diagnóstico inicial de Lula, é a presença de sangue dentro do crânio e costuma aparecer em decorrência de um trauma ou ruptura de vasos sanguinhos. No entanto, o higroma é resultante de um processo inflamatório ou de lesão anterior, mas não é composto por líquido sanguíneo e apresenta menor risco.
“O higroma ainda pode causar pressão intracraniana e sintomas neurológicos, dependendo do tamanho”, afirmou o cirurgião vascular. “Essa evolução do hematoma para um higroma pode ser parte do processo de reabsorção natural ou uma consequência do tratamento inicial.”
Procedimento preventivo de Lula
Nesta semana, Lula passou por uma drenagem e, depois, por um procedimento preventivo. A equipe médica informou que a segunda cirurgia de Lula já estava prevista. A medida gerou especulações sobre o real estado de saúde do presidente.
Lobato, contudo, confirmou que o procedimento é de costume para casos similares ao de Lula. O cirurgião vascular disse que a cirurgia serve para evitar complicações, como recolocar um dreno temporário ou realizar um ajuste no local da drenagem para prevenir um acúmulo de líquido.
“Embora os médicos não tenham comunicado inicialmente a necessidade de dois procedimentos, essa abordagem pode ser comum para tratar complicações”, informou Lobato. “A ausência de informações detalhadas pode gerar confusão, mas não necessariamente indica que houve uma complicação séria.”
Recuperação
O principal procedimento que Lula passou foi a drenagem do hematoma subdural, considerado de baixa a moderada complexidade. Na ação, os médicos abrem um pequeno orifício no crânio para drenar o líquido acumulado.
“Os riscos incluem infecções, sangramentos adicionais, convulsões ou déficits neurológicos temporários”, disse Lobato. “O risco de vida é baixo quando o procedimento é realizado em condições controladas e com monitoramento pós-operatório rigoroso.”
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Nesta sexta-feira, 13, Lula deixou a UTI e segue em acompanhamento semi-intensivo no Hospital Sírio-Libanês. O cardiologista do presidente, Roberto Kalil, disse que o chefe do Executivo deve voltar a Brasília na próxima semana.
Conforme Lobato, os hematomas e procedimentos que o presidente enfrentou exigem que Lula fique de repouso durante algumas semanas. “No caso de um chefe de Estado, com alta demanda física e mental, é provável que ele precise de um período mais prolongado de descanso para evitar estresse e riscos à saúde.”
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