Dirceu reconhece que esquerda não acompanha o ritmo da direita

A esquerda brasileira parece assustada com a potencial influência de Donald Trump sobre o futuro político brasileiro. Assim como parte da mídia associada à chamada corrente progressista, líderes ligados ao governo Lula, como José Dirceu, se esforçam para tentar dissociar o cenário norte-americano daquilo que poderia ocorrer no Brasil em 2026.

O ex-ministro de Lula e um dos caciques do Partido dos Trabalhadores (PT) andava sumido até o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Gilmar Mendes, decidir acenar de forma mais explícita a seu favor ao anular condenações decorrentes da Operação Lava Jato.

José Dirceu diz que Trump acende sinal de alerta

Em entrevista ao jornal O Globo, Dirceu diz que seria um erro transportar o que aconteceu nos Estados Unidos para o Brasil. Ele admite, contudo, que a vitória de Trump acende um sinal de alerta para o governo atual e para a esquerda.

Ex-presidente do PT e braço-direito de Lula no seu primeiro mandato (2003/2006), Dirceu aproveita a ajuda do STF para tentar reaver um suposto poderio eleitoral. No horizonte estaria uma candidatura ao Congresso em 2026, o que justifica seu retorno público ao universo das articulações partidárias e ao debate político.

Governo e esquerda precisam mudar, diz petista

Para ele, existem muitas diferenças entre o cenário norte-americano e o brasileiro. De qualquer modo, entende o petista, o desmonte da esquerda nas eleições municipais e a força demonstrada por Trump obrigam as correntes socialistas e o próprio governo Lula a fazer um balanço e mudar.

Conforme o ex-ministro da Casa Civil de Lula, Bolsonaro difere de Trump, assim como Lula de Joe Biden e de Kamala Harris. Em sua análise, Dirceu diz que Trump tomou conta do Partido Republicano e o personificou na sua própria figura. 

Aparentemente preocupados com a influência de Donald Trump no destino da política brasileira, especialmente em relação a Jair Bolsonaro, líderes de esquerda, como José Dirceu, tentam evitar comparações entre os cenários dos dois países | Foto: Arquivo/Agência BrasilAparentemente preocupados com a influência de Donald Trump no destino da política brasileira, especialmente em relação a Jair Bolsonaro, líderes de esquerda, como José Dirceu, tentam evitar comparações entre os cenários dos dois países | Foto: Arquivo/Agência Brasil
Aparentemente preocupados com a influência de Donald Trump no destino da política brasileira, especialmente em relação a Jair Bolsonaro, líderes de esquerda, como José Dirceu, tentam evitar comparações entre os cenários dos dois países | Foto: Arquivo/Agência Brasil

Republicanos viram um partido de Trump

“Ele transformou o Partido Republicano em um partido trumpista”, diz Dirceu. Como forma de comparação, acrescenta que a direita brasileira não está inteiramente alinhada a Bolsonaro. Segundo ele, PL e outras legendas podem ou não estar ao lado do ex-presidente. 

De qualquer forma, independentemente do nível de coesão na direita, Dirceu acredita que a esquerda precisa mudar. “A esquerda tem que encontrar um caminho para retomar território, voltar à juventude, trabalhar com as redes e atualizar a sua mensagem”.

Cultura e ideologia ganham protagonismo

Conforme o petista, as eleições recentes nos Estados Unidos deixaram evidente que, “se antes uma eleição era ditada pela economia, o aspecto cultural e ideológico ganhou protagonismo”.

Nesse sentido, ele observa que Joe Biden teria feito um governo com resultados que deveriam levá-lo a uma excelente taxa de aprovação, mas essa percepção não foi capaz de mantê-lo na corrida nem seu partido no poder.

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Dirceu entende que essa nova realidade se explica, em parte, pela organização empreendida pela direita, que aumentou muito nos últimos anos. Na avaliação do petista, isso se relaciona no Brasil à expansão de movimentos em favor do pensamento conservador, enquanto o campo progressista estagnou-se.

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