Nos últimos dias, figuras políticas e perfis de direita nas redes sociais intensificaram a pressão sobre congressistas feministas de esquerda. A razão é a ausência de um posicionamento diante da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de permitir que o deputado federal Chiquinho Brazão (Sem Partido-RJ) saísse da cadeia para cumprir prisão domiciliar.
Moraes atendeu ao pedido da defesa de Chiquinho, depois de um laudo médico indicar risco de morte súbita. O deputado é acusado de mandar matar a vereadora Marielle Franco.
Nas redes sociais, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) lembrou de Cleriston Pereira da Cunha, o Clézão, que morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, em novembro de 2023.
Preso em razão dos atos do 8 de janeiro, Clezão teve um mal súbito durante um banho de sol. O parlamentar mineiro afirmou que Cleriston não teve o mesmo direito de Chiquinho Brazão.
Lucas Pavanato critica liberação de Chiquinho Brazão
Vereador mais votado nas últimas eleições municipais, Lucas Pavanto (PL-SP) ironizou a decisão de Moraes. “Fomos de ‘Marielle Vive’ a ‘Brazão Livre’ muito rápido”, escreveu o parlamentar paulistano.
A discussão ganhou força depois de um internauta criticar o tempo que Chiquinho ficou detido, em comparação ao período de encarceramento de Débora dos Santos.
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Débora foi presa depois de pintar com batom a Estátua da Justiça, em frente ao STF. Ela escreveu “perdeu, mané” — referência a uma declaração do presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, em 2022.


Silêncio de figuras importantes
Apesar da pressão, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã da vereadora assassinada, não se manifestou publicamente sobre o caso até a publicação desta reportagem. Nas redes sociais, ela recebeu comentários que cobram uma posição sobre a decisão do STF.


As deputadas Erika Hilton e Sâmia Bomfim, ambas do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) de São Paulo, e do mesmo partido de Marielle, também não emitiram declarações públicas em suas redes sociais até o momento.
Moraes mantém idosa de 65 anos na prisão
Enquanto Moraes transfere Chiquinho Brazão para prisão domiciliar, em razão de problemas de saúde, a defesa de Adalgiza Maria Dourado tenta o mesmo benefício para a idosa de 65 anos.


Presa por participação no 8 de janeiro, Adalgiza não consegue se alimentar corretamente, em razão da má qualidade da comida que é oferecida no Presídio Feminino do Distrito Federal, conhecido como Colmeia.
Além disso, a defesa da idosa denuncia a “falta de atendimento médico, psicológico e psiquiátrico” para Adalgiza. Em entrevista ao Jornal da Oeste, Luiz Felipe Cunha, advogado da idosa, afirmou que ela poderá ser “mais um Clezão”.