Em uma disputa longe de ser acirrada, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), conseguiu uma vitória expressiva sobre Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno das eleições municipais, garantindo mais quatro anos à frente da maior cidade do país. A apuração, com 100% das urnas contabilizadas, indicou 59,35% dos votos válidos para Nunes, somando 3,3 milhões, enquanto Boulos obteve 40,65%, com cerca de 2,3 milhões de votos, desempenho próximo ao da eleição anterior.
A derrota de Boulos teve um peso simbólico, sobretudo nas periferias da capital, áreas que outrora demonstravam um perfil eleitoral mais favorável à esquerda, mas que cada vez mais, em grande parte, têm migrado para a direta e, por vezes, para o centro. A guinada foi especialmente evidente em redutos como a Zona Leste, onde o candidato do PSOL perdeu com margem muito alta. Mais impactante ainda foi o resultado no Campo Limpo, distrito na Zona Sul onde Boulos reside e onde também foi derrotado.
Parte dessa migração pode ser atribuída ao terceiro colocado do primeiro turno, Pablo Marçal, cujos 1,7 milhão de votos, majoritariamente de eleitores de direita, se inclinaram para Nunes. A tentativa de Boulos de atrair eleitores indecisos e moderados, incluindo a publicação de uma carta “ao povo de São Paulo” às vésperas do segundo turno, não gerou o efeito esperado. O gesto, similar à “Carta ao Povo Brasileiro” de Lula em 2002, buscava uma aproximação com pequenos empreendedores e setores populares, admitindo uma nova realidade nas periferias.
Outro tema que Boulos tentou explorar foi o apagão de energia que afetou mais de 2,6 milhões de pessoas em São Paulo e outras cidades no dia 11 de outubro, apontando uma suposta falha de gestão na zeladoria urbana. Ele argumentou que a falta de manutenção das árvores da cidade contribuiu para a demora no restabelecimento da eletricidade. No entanto, nem essa tática parece ter revertido a tendência eleitoral.
Embora ainda seja uma das figuras mais projetadas da esquerda no país e cotado como um dos sucessores de Lula, Boulos agora enfrenta uma realidade mais dura, em um quadro de dificuldades para lideranças progressistas em nível estadual e municipal. A rejeição a esse campo político segue crescendo a cada dois anos —período de transição de um pleito para outro— com perdas importantes em redutos que antes lhes eram mais favoráveis.
Agora, nos bastidores, os campos da esquerda começam a discutir a necessidade de repensar suas táticas para tentar reconquistar o eleitorado perdido, em meio a derrotas cada vez mais expostas. Grupos ligados ao lulopetismo, como PT, PSOL, REDE e PCdoB, sofrem com esse desgaste, e o impacto negativo se estende até o PSB, que, apesar de manter certa força no Nordeste, enfrenta um enfraquecimento gradual, apontando para uma queda de influência a longo prazo.
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Em uma disputa longe de ser acirrada, o atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), conseguiu uma vitória expressiva sobre Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno das eleições municipais, garantindo mais quatro anos à frente da maior cidade do país. A apuração, com 100% das urnas contabilizadas, indicou 59,35% dos votos válidos para Nunes, somando 3,3 milhões, enquanto Boulos obteve 40,65%, com cerca de 2,3 milhões de votos, desempenho próximo ao da eleição anterior.
A derrota de Boulos teve um peso simbólico, sobretudo nas periferias da capital, áreas que outrora demonstravam um perfil eleitoral mais favorável à esquerda, mas que cada vez mais, em grande parte, têm migrado para a direta e, por vezes, para o centro. A guinada foi especialmente evidente em redutos como a Zona Leste, onde o candidato do PSOL perdeu com margem muito alta. Mais impactante ainda foi o resultado no Campo Limpo, distrito na Zona Sul onde Boulos reside e onde também foi derrotado.
Parte dessa migração pode ser atribuída ao terceiro colocado do primeiro turno, Pablo Marçal, cujos 1,7 milhão de votos, majoritariamente de eleitores de direita, se inclinaram para Nunes. A tentativa de Boulos de atrair eleitores indecisos e moderados, incluindo a publicação de uma carta “ao povo de São Paulo” às vésperas do segundo turno, não gerou o efeito esperado. O gesto, similar à “Carta ao Povo Brasileiro” de Lula em 2002, buscava uma aproximação com pequenos empreendedores e setores populares, admitindo uma nova realidade nas periferias.
Outro tema que Boulos tentou explorar foi o apagão de energia que afetou mais de 2,6 milhões de pessoas em São Paulo e outras cidades no dia 11 de outubro, apontando uma suposta falha de gestão na zeladoria urbana. Ele argumentou que a falta de manutenção das árvores da cidade contribuiu para a demora no restabelecimento da eletricidade. No entanto, nem essa tática parece ter revertido a tendência eleitoral.
Embora ainda seja uma das figuras mais projetadas da esquerda no país e cotado como um dos sucessores de Lula, Boulos agora enfrenta uma realidade mais dura, em um quadro de dificuldades para lideranças progressistas em nível estadual e municipal. A rejeição a esse campo político segue crescendo a cada dois anos —período de transição de um pleito para outro— com perdas importantes em redutos que antes lhes eram mais favoráveis.
Agora, nos bastidores, os campos da esquerda começam a discutir a necessidade de repensar suas táticas para tentar reconquistar o eleitorado perdido, em meio a derrotas cada vez mais expostas. Grupos ligados ao lulopetismo, como PT, PSOL, REDE e PCdoB, sofrem com esse desgaste, e o impacto negativo se estende até o PSB, que, apesar de manter certa força no Nordeste, enfrenta um enfraquecimento gradual, apontando para uma queda de influência a longo prazo.
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