“Enquanto uns choram, SC vende lenço”: governo aposta na disputa entre EUA e China para expandir exportações

Em meio às tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o governo de Santa Catarina tem apostado em uma estratégia de expansão internacional para fortalecer a economia do estado. Durante missão oficial nos EUA, o governador Jorginho Mello destacou que o atual cenário de tarifas e embargos entre as duas maiores potências mundiais tem se mostrado favorável para produtos catarinenses, que ganham competitividade como alternativa no comércio global.

Dados do governo estadual mostram que, em 2024, os Estados Unidos lideraram a lista de destinos das exportações de Santa Catarina, com US$ 1,7 bilhão em produtos embarcados. A China aparece em seguida, com US$ 1,3 bilhão. No primeiro quadrimestre de 2025, o estado registrou crescimento de 7,5% nas exportações, atingindo mais de 200 mercados. Entre os principais itens exportados estão carne suína, frango, soja, motores elétricos e madeira, produtos que compõem uma pauta de alto valor agregado.

Ao comentar os resultados e os objetivos da missão, Jorginho Mello utilizou uma metáfora para ilustrar o posicionamento catarinense diante do conflito comercial entre as duas potências. “Enquanto os outros choram, Santa Catarina vende lenço”, disse o governador, ao argumentar que as barreiras comerciais impostas entre EUA e China acabam favorecendo estados exportadores como Santa Catarina. Segundo ele, a taxação de produtos chineses pelos americanos torna os itens brasileiros mais competitivos naquele mercado. Da mesma forma, eventuais restrições da China a produtos dos EUA criam espaço para exportadores de proteína e grãos, como é o caso do estado.

A fala do governador se insere em um contexto mais amplo de promoção internacional. A comitiva catarinense participou de eventos como a Brazilian Week, em Nova York, onde apresentou a investidores estrangeiros os diferenciais do estado — como a logística portuária, a segurança jurídica, a mão de obra qualificada e os incentivos para novos empreendimentos. O objetivo, segundo o governo, é atrair aportes em áreas estratégicas como infraestrutura, logística, turismo e tecnologia.

O secretário de Indústria, Comércio e Serviço, Silvio Dreveck, também destacou que Santa Catarina mantém políticas voltadas ao ambiente de negócios, como linhas de crédito subsidiadas, incentivos fiscais e facilitação na abertura de empresas.

Em sua declaração, Jorginho Mello resumiu a visão do governo catarinense sobre o cenário global: “Se os Estados Unidos aumentam a taxa do produto chinês, o nosso fica ainda mais competitivo. […] Se a China cria barreiras aos produtos americanos, precisam comprar mais que outros fornecedores, como Santa Catarina”. Para ele, é esse o momento ideal para apresentar o potencial produtivo do estado e reforçar a qualidade dos produtos oferecidos ao mercado internacional.



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