A Fundação São Francisco de Assis teria apresentado ao governo estadual um estudo, que custou R$ 14,9 milhões, com trechos plagiados de outros documentos. O serviço foi prestado para a Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico, cujo objetivo era “acelerar o desenvolvimento da economia” fluminense. O caso foi revelado pelo RJTV, da TV Globo.
A entidade derrotou instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) no certame, que também incluía a elaboração da agenda estratégica e o mapa regional do desenvolvimento. A fundação teria usado trechos copiados e colados de outros estudos, sem citação de fonte ou autoria – o que caracteriza plágio.
Até 2021, a fundação operava em um imóvel que já foi descrito como um “canil abandonado” em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste da cidade. Após uma mudança de gestão, contudo, passou a concorrer e ganhar contratos milionários, sendo o principal deles o gerenciamento do Fundo da Mata Atlântica (FMA), de quase R$ 400 milhões.
Presidente de fundação é réu em outro caso
A Fundação São Francisco de Assis era presidida por Camilo Pinto de Souza, que assinou o contrato com o estado, réu em uma ação do Ministério Público por falsificação de um estudo de impacto ambiental do polêmico Autódromo de Deodoro, que nunca saiu do papel. A fundação tem como presidente do conselho deliberativo Carlos Favoreto, apontado como padrinho de Camilo.
Além do contrato de R$ 14,9 milhões, a fundação também é responsável por um outro estudo técnico sobre logística de cargas, orçado em R$ 25 milhões. Este, por sua vez, contratado pela Secretaria estadual de Transportes e Mobilidade (Setram).
À TV Globo, a Secretaria de Desenvolvimento afirmou que a fundação foi considerada legalmente apta no momento da contratação e, segundo o governo do estado, vem prestando contas regularmente, mas abriu uma sindicância para apurar a denúncia de plágio.
Já Secretaria de Meio Ambiente, responsável pela gestão do Fundo da Mata Atlântica, informou que vai abrir uma sindicância para apurar o contrato com a Fundação São Francisco de Assis..
Por fim, a fundação disse que irá procurar o Ministério Público para provar a lisura de sua atuação e que todos seus processo administrativos têm o acompanhamento do MP. Além disso, informou que Carlos Favoreto é “um homem público, amplamente reconhecido por sua qualidade técnica”.