Governo pede, e Pacheco adia análise de projeto que derruba parte do decreto de armas de Lula

O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 206/24, que susta parcialmente o decreto do governo Luiz Inácio Lula da Silva que limita o acesso a armas de fogo no Brasil, foi retirado da pauta do plenário do Senado nesta quinta-feira, 15. Agora o texto está previsto para retornar a pauta na próxima semana.

Ao adiar a análise, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atendeu a um pedido do líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), que mencionou o fato de a sessão de hoje ser semipresencial e que o governo seria contrário a um trecho do texto.

“Por se tratar de um tema tão polêmico na sociedade, tem um item sobre a distância do clube de tiro para as escolas que, do jeito que está, me parece um pouco permissivo demais”, alegou Jaques. “Queria perguntar se a gente pode retirar [o projeto] para que possa ser introduzido na próxima sessão ordinária.”

Pacheco então disse que os itens da pauta de hoje só seriam apreciados caso houvesse consenso entre todas as lideranças. O PDL foi aprovado na quarta-feira 14 pela Comissão de Constituição e Justiça da Casa. O relator do texto é o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).

O líder da oposição, senador Marcos Rogério (PL-RO), ponderou que a mesma “régua” usada por Pacheco para atender aos argumentos do governo teria de ser usada com a oposição quando eles resolvessem pedir o adiamento da análise de alguma pauta de interesse da ala governista.

O PDL que susta parte do decreto de armas do governo

Inicialmente, a ala governista protestava contra o governo, mas, como noticiou Oeste, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse, em abril, concordar com algumas mudanças no decreto de Lula, fazendo com que a versão final aprovada fosse mais branda do que a inicial. O projeto foi aprovado pela Câmara em março.

Entre as mudanças, está a permissão para instalação de clubes de tiro a menos de 1 quilômetro de escolas públicas e privadas. A proposta também elimina requisitos para o avanço de nível e a concessão de registro a colecionadores de armas, atiradores e caçadores (CACs).

O texto permite a coleção de armas automáticas de qualquer calibre ou longas semiautomáticas de calibre restrito, além de armas usadas pelas Forças Armadas. Anteriormente, o decreto proibia essas possibilidades.

Também foram retiradas da definição o uso restrito as armas de pressão por gás comprimido ou ação de mola com calibre superior a 6 milímetros.

A proposta elimina a exigência de que atiradores desportivos comprovem treinamentos ou competições por calibre registrado a cada 12 meses para obter o certificado de registro.

Além disso, a proposta suspende a necessidade de o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) elaborar um relatório para classificar o que é arma de coleção. Essas alterações visam a facilitar o processo para colecionadores, atiradores e caçadores, ao mesmo tempo em que suscitam debates sobre segurança pública.



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