A insatisfação é visível quando o vereador Gilson Barreto, um dos fundadores do PSDB na década de 1980, fala sobre o cenário político atual da sigla e a recusa da direção tucana a apoiar a reeleição de Ricardo Nunes (MDB). Ele, que é líder da bancada da legenda na Câmara Municipal de São Paulo e vice-presidente da comissão provisória que lidera o diretório municipal, anunciou a desfiliação do partido.
O partido, até então o maior da Câmara, ao lado do PT, com oito vereadores, agora se vê diante da possibilidade concreta de perder todos os seus representantes nesta janela partidária. A debandada ocorre até a próxima sexta-feira, 5, data-limite para estar filiado ao partido que representará nas urnas em outubro.
A direção do PSDB, tanto no âmbito municipal quanto federal, minimiza o episódio. O comando tucano diz que a questão é “página virada” e que a decisão de não fechar com Nunes foi tomada democraticamente, por 9 votos a 2, entre militantes históricos que compõem o diretório do partido na cidade de São Paulo.
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De saída do PSDB, o vereador paulistano criticou a cúpula partidária. Barreto, que está em seu oitavo mandato consecutivo na Câmara Municipal paulistana, reclamou que as decisões são tomadas “de cima para baixo” em Brasília e no Rio Grande do Sul — uma referência a líderes no plano federal, como o governador gaúcho, Eduardo Leite, e o presidente nacional da sigla, Marconi Perillo.
Situação do PSDB em São Paulo
Para o vereador paulistano, há uma “falta de compreensão” a respeito da continuidade da gestão de Bruno Covas. Reeleito prefeito em 2020, Covas morreu em 2021 — desde então, a administração da cidade ficou sob responsabilidade de Ricardo Nunes.
O empenho do PSDB estaria principalmente em apoiar a deputada federal Tabata Amaral (PSB) à Prefeitura de São Paulo, segundo Gilson Barreto. “Eles vão entregar a sigla, o PSDB, juridicamente”, disse o agora ex-tucano. “A militância, os adeptos, os filiados estão com o Ricardo Nunes.”
“Minha gratidão ao PSDB, onde estive ao lado de expoentes como José Serra, Mário Covas, Franco Montoro e Fernando Henrique Cardoso, é imensa”, afirmou Barreto, em postagem no Instagram. “Contudo, seguindo meu coração e buscando alinhar minhas ações às necessidades reais de nossa cidade, sinto que é o momento de seguir um novo caminho.”
Horas antes, o vereador usou a tribuna do Parlamento paulistano para confirmar a sua saída da militância tucano. “Com uma dose de melancolia”, disse. “O partido se afastou de nossos princípios ideológicos e diretrizes históricas.”
Há, dentro do partido, quem defenda candidatura própria para o Executivo paulistano. Barreto alegou, no entanto, que nunca foram apresentados nomes concretos, o que reforçaria o interesse do comando tucano em apoiar a socialista Tabata.
Nesse caso, há temor de que o apoio tucano acabe indo, em um segundo turno, para o deputado federal Guilherme Boulos (Psol). Isso em decorrência da proximidade entre PSB e PT no plano federal.
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Revista Oeste, com informações da Agência Estado