O ex-presidente da Colômbia, Iván Duque, afirmou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “abriu as portas” para o ditador venezuelano Nicolás Maduro, mas “foi enganado”.
A declaração foi feita em entrevista à Folha de S.Paulo, nesta sexta-feira, 23. Duque falou sobre uma campanha que vem realizando junto a outros ex-presidentes pela redemocratização da Venezuela.
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Perguntado a atuação de Lula nessa crise diplomática pós-eleições, Duque disse que o presidente brasileiro nunca quis chamar Maduro pelo que ele é. “Isso causou muitos problemas”.
“Desde 2018, Maduro roubou eleições e teve rejeição internacional; por que o PT não acompanhou isso?”, questionou Duque. “E agora, o que fará? Estará na posse, em janeiro?”.
O colombiano disse ainda que, desde que retornou ao poder, em 2023, o petista fez de tudo para dar legitimidade a Maduro, convidando-o a cúpulas a visitas. “Mas foi enganado por ele”.
“Também tenho a sensação de que Lula vai cobrar esses favores, porque não é possível”, cogitou. “Ele abriu as portas para Maduro, e Maduro as fecha?”.
Sobre a possibilidade de Lula atuar como mediador na disputa entre ditadura e oposição, Iván Duque acha que é algo muito difícil de acontecer.
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“Porque a Venezuela não quer mediação; é uma posição muito clara de perpetuação de poder”, avalia. “A única coisa que resta que resta a negociar é a saída de Maduro; se não é isso, não há o que negociar”.
Ex-presidente da Colômbia critica postura de assessor de Lula sobre Maduro
Ainda na entrevista à Folha, Duque criticou a postura do ex-presidente da Colômbia diante dessa crise diplomática. O assessor especial do Presidente da República sugeriu a realização de um novo pleito eleitoral, como uma espécie de “segundo turno”.
“É um ponto do ridículo; isso não é sério e não é liderança”, afirmou. “Espera-se outra coisa do Brasil”.
Divulgação da atas eleitorais
Sobre a falta de divulgação das atas do pleito eleitoral de 28 de julho, considerado fraudulento por observadores internacionais, Iván Duque diz que nunca esteve nos planos do regime chavista atestar a veracidade das urnas por meio desses documentos.
“A ideia de esticar a entrega das atas foi uma estratégia para ganhar tempo”, disse Duque.
O ex-presidente acredita que já não existe a possibilidade de aproximação diplomática com o ditador da Venezuela. “Minha maior preocupação é que continuemos em uma discussão que não existe mais: sanções, sanções, sanções”, defende.
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Duque chama de “valentes testemunhos eleitorais” os grupos da oposição que conseguiram reunir mais de 85% das atas e mostraram Edmundo González como o verdadeiro vencedor das eleições.
No entanto, apesar dessas evidências, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, controlado pelo governo, sacramentou a reeleição de Maduro.