‘Meu esposo hoje não volta’, diz viúva de Clezão a deputado governista

Durante a sessão desta quarta-feira, 11, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Edjane Duarte, viúva do Clériston Pereira da Cunha — conhecido como Clezão — se exaltou ao ouvir a fala do deputado federal Túlio Gadelha (Rede-PE). Em 20 de novembro de 2023, Clezão morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, onde cumpria pena pela participação nos atos de 8 de janeiro.

“A culpa é de vocês, que não fazem o trabalho direito”, exclamou Edjane ao parlamentar. “A culpa é sua, a culpa é da esquerda. Meu esposo hoje não volta e vocês estão aí falando uma narrativa que não existe. Sempre vou lutar pelo meu esposo, Clezão. O Jorginho é um senhor, que está morrendo e mais famílias vão estar morrendo e sofrendo o que estou sofrendo”

Na ocasião, o colegiado discutia a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/21, que limita decisões individuais do Supremo Tribunal Federal (STF). Contudo, estava previsto para entrar como extra-pauta o PL que anistia os presos do 8 de janeiro, mas, em virtude da falta de votos para inclusão da matéria na pauta, o texto ficou para depois das eleições, em outubro.

Em seu momento de fala, Gadelha defendeu que houve tentativa de golpe em 8 de janeiro, pois, segundo ele, as pessoas que invadiram as sedes dos Três Poderes estavam usando cartazes pedindo intervenção militar e a “demissão de ministros do STF”.

“Naquele dia, as pessoas invadiram o Congresso com a intenção de tomar o poder”, disse Gadelha. “Foi dito que o fato de não existir força não faria do movimento de golpista. Mas uma tentativa de homicídio não necessariamente precisa da força do autor para configurar uma tentativa.”

O deputado então disse estar com o “coração partido” ao ver as mulheres dos detentos do 8 de janeiro segurando faixas pedindo a liberdade dos companheiros. A sessão foi marcada pela presença de diversos familiares.

“Fico de coração partido quando vejo essas senhoras, quando vejo: liberdade para o meu esposo, Jorginho”, continuou Gadelha. “Fico com coração partido, pois, muitas vezes, essas senhoras não respondem pelos atos de seus maridos. Fico mais indignado porque tem colegas que vem aqui no microfone falar que não foi cometido crime, mas essas pessoas não estavam no 8 de janeiro. Essas pessoas foram presas por Tentativa de golpe de Estado.”

Então, a viúva do Clezão interrompeu a fala do parlamentar dizendo que não desejava que acontecesse na família dele o que aconteceu com ela. “Que você não venha sentir a dor que estou sentindo”, disse ela, ao lado da filha, a Gadelha.

Morte de Clezão

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O ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizou a devolução do celular de Cleriston Pereira da Cunha, o Clezão, à sua família. Ele morreu no Complexo Penitenciário da Papuda, onde cumpria pena pela participação nos atos de 8 de janeiro | Foto: Reprodução/redes sociais

Em maio do ano passado, os advogados de Clezão pediram a soltura do cliente com base no estado de saúde delicado do empresário. A ação, porém, ficou parada.

No fim de agosto, a Procuradoria-Geral da República (PGR) emitiu um parecer que recomendou ao STF a liberdade provisória do réu mediante medidas cautelares, por apresentar comorbidades.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, contudo, ainda não havia analisado o pedido. Clezão tinha 46 anos, morava no Distrito Federal e foi preso em flagrante no Senado. Segundo a defesa, ele foi preso “sem saber dos atos ilícitos de vandalismo que ocorriam e sem participar dos crimes que lhe foram atribuídos”.

Leia também: “Uma morte anunciada”, reportagem publicada na Edição 192 da Revista Oeste



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