Militantes de esquerda invadiram a Câmara Municipal de São Paulo, nesta quarta-feira, 2, para defender a cracolândia. Com cartazes que diziam “cracolândia é luz” e “remoção não é solução”, os ativistas protestaram contra algumas determinações do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Segundo os militantes, a prefeitura da capital paulista “dificulta o trabalho das ONGs” que supostamente ajudam os usuários de drogas.
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Os militantes reclamam de uma decisão da Subprefeitura da Sé que proibiu o uso dos espaços públicos da região pelas ONGs. Em nota, a subprefeitura afirmou que essas instituições “não atendem ao interesse público”.
Júlio Lancellotti versus coronel Mello Araújo
Além disso, os militantes defendem o padre Júlio Lancellotti, que já se envolveu com algumas dessas ONGs. No mês passado, o vice-prefeito da capital paulista, coronel Mello Araújo (PL), afirmou que o pároco “não ajuda em nada” e a “única coisa que faz é dar comida” a moradores de rua.
Lancellotti sofre uma série de acusações de abuso sexual. Oeste divulgou vários relatos de pessoas que denunciaram o sacerdote.
Recentemente, o padre se envolveu em uma discussão com Mello Araujo. O vice-prefeito afirmou que o padre é culpado pela concentração de moradores de rua no Belém, bairro na zona leste de São Paulo.
O vice-prefeito de São Paulo, coronel Mello Araújo (PL), resolveu tretar com o padre Júlio Lancellotti. São Paulo tem pouco problema, então ele prefere lacrar com quem ajuda os excluídos pelo estado. Uma questão de prioridade. pic.twitter.com/zkKK6WcnQL
— GugaNoblat (@GugaNoblat) March 18, 2025
Vereadores paulistanos tentaram instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a atuação das ONGs. Contudo, em abril do ano passado, a Câmara Municipal rejeitou o pedido de abertura.
Vereadores se manifestaram contra a cracolândia
A ação dos militantes de esquerda causou indignação em alguns parlamentares. Lucas Pavanato (PL), vereador mais votado do Brasil nas últimas eleições municipais, disse que os manifestantes ignoram os trabalhadores que estão perto da cracolândia. O parlamentar afirmou que as pessoas que moram na região precisam conviver com os moradores de rua que defecam perto das casas.


O vereador Adrilles Jorge (União Brasil), por sua vez, disse que a esquerda incentiva os usuários de drogas a viverem nas ruas. “Quando as ONGs dão comida, assistência e banho, possibilita os moradores de rua a usarem drogas e a se degradarem no centro de São Paulo”, afirmou o parlamentar. “Cracolândia é treva.”
Amanda Vettorazzo (União Brasil), vereadora e coordenadora nacional do Movimento Brasil Livre (MBL), disse que a cracolândia representa “uma mancha na cidade”. “Chamou atenção o cartaz que dizia ‘cracolândia é luz’, como se aquele lugar fosse um espaço de paz”, afirmou. “A região está dominada pelo tráfico. A esquerda insiste em romantizar a realidade. Ignora o sofrimento das pessoas que vivem naquele lugar.”
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