A ida da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em uma audiência na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 16, foi marcada por intensos confrontos verbais com parlamentares da oposição, em diversos momentos da sessão.
A ministra de Lula chegou a ser ironicamente chamada de “Marina das Cinzas”, em referência aos seus memes na internet durante a sua visita à Câmara. Também foi duramente criticada de “incompetente”, “acadêmica que pouco apresenta propostas” e “muito fala e pouco faz”.
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Os deputados que mais criticaram Marina Silva foram Marcel Van Hattem (Novo-RS), Nikolas Ferreira (PL-MG), Ricardo Salles (Novo-SP) e Júlia Zanatta (PL-SC).
Van Hattem afirmou que Lula “decidiu premiar a ganhadora dos dois maiores recordes de focos de incêndio do país desde o início da série histórica, datada de 1999” mais uma vez com o Ministério do Meio Ambiente.
Também declarou que a população não precisava mais que a integrante do Alto Escalão “colocasse a culpa nos outros, mas de solução”. “E não adianta a senhora estar sempre disponível, mas não estar pronta para responder as perguntas”, disse.
Nikolas Ferreira também teceu críticas à gestão da ministra de Lula. Afirmou que “ninguém está fazendo nada aqui para lacrar”. “A não ser o seu ministério, afinal de contas, fala muito, mas faz pouco.”
“Até os parlamentares do PT em entrevista recente disseram que você precisava ser demitida, retirada do cargo, porque é muito acadêmica e pouco apresenta propostas. E eu vou ter que concordar com isso, viu”, declarou.
Na sequência, foi a vez de Ricardo Salles, que foi ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro (PL). “A crítica que nos faziam, inclusive o então não presidente Lula, era: ‘O governo é criminoso, as queimadas são propositais, a culpa é de vocês’”, começou.
“Hoje, em uma situação ainda mais grave de queimadas e outras coisas, embora tenha caído o desmatamento, a culpa é do clima”, analisou Salles. “Agora quem está no governo não tem culpa nenhuma.”
Marina bate-boca com Zanatta na Câmara
O momento mais tenso na comissão da Câmara ocorreu entre Marina e a deputada Júlia Zanatta. Assim como os colegas de oposição, acusou a ministra de não responder adequadamente às indagações e chegou a sugerir que Marina deveria renunciar ao cargo.
“O povo brasileiro agora está vendo que a senhora é boa de discurso e ruim de prática”, falou. “O povo brasileiro lhe acha incompetente para gerir as questões em relação aos problemas das queimadas no Brasil. Talvez a senhora devesse fazer como fez em 2008, quando pediu demissão do governo do PT.”
Em resposta, Marina rebateu, ao declarar que Zanatta “com sua vozinha mansa” não iria “intimidá-la”. Afirmou que parlamentares estavam usando o tema do meio ambiente para ganhar visibilidade.
“Capacho é quem faz discurso de encomenda, mesmo conhecendo a biografia de uma pessoa”, disse Marina Silva, para Zanatta. “Quem nunca defendeu o meio ambiente aparece agora como ambientalista, não é nem de última hora, é de conveniência. Que nunca se preocuparam com o meio ambiente e agora vem com esse papinho de incêndio.”
Marina Silva chegou a confrontar o presidente da comissão, o deputado bolsonarista Evair Vieira de Mello (PP-ES). Alegou que estava no local como convidada e que, mesmo assim, eram permitidas “palavras ofensivas, palavras violentas”.
“Vossa Excelência está com dificuldade de presidir”, falou a ministra para Evair de Mello, que respondeu à altura, chamando-a de “ignorante”.