Ministro de Lula desiste de pedir demissão: ‘Fui ouvido’

O ministro do Trabalho e Emprego do governo Lula, Luiz Marinho (PT-SP), reconsiderou sua decisão de pedir demissão depois de ameaçar deixar o cargo. A ameaça foi motivada pelo temor de que o pacote de corte de gastos impactasse negativamente sua pasta.

A mudança de postura ocorreu depois de ele ser incluído nas discussões sobre as medidas fiscais. “Eu disse que se não fosse envolvido, colocaria meu cargo à disposição”, afirmou Marinho. “Mas fui ouvido. Participei de todo o debate. Será anunciado.”

Essas medidas foram anunciadas na quarta-feira 27 pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP). Um dos principais pontos das novas medidas é a alteração na forma de reajuste do salário mínimo.

O cálculo agora será feito dentro do novo arcabouço fiscal, em vez de ser baseado na inflação e no PIB de dois anos anteriores.

No mês passado, Marinho expressou descontentamento ao ser questionado sobre possíveis cortes no Ministério do Trabalho e Emprego, afirmando que qualquer decisão sem sua participação seria uma “agressão”.

Outros ministros de Lula também cogitaram demissão

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião no Palácio do Planalto, em 25/10/2024Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião no Palácio do Planalto, em 25/10/2024
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião no Palácio do Planalto, em 25/10/2024 | Foto: Ton Molina/Estadão Conteúdo

Marinho foi um dos responsáveis pelo impasse nas negociações entre o governo e os ministros da área social, que também ameaçaram deixar seus cargos caso suas pastas fossem afetadas.

Carlos Lupi (PDT-RJ), ministro da Previdência, também cogitou demissão, mas ainda não fez declarações públicas depois de as novas medidas serem apresentadas.

O pacote de corte de gastos foi detalhado por Haddad, Simone Tebet (MDB-MS), ministra do Planejamento, e Rui Costa (PT-BA), chefe da Casa Civil. As medidas devem ser encaminhadas para aprovação no Congresso Nacional.

O mercado financeiro vinha exercendo forte pressão para que o governo apresentasse um ajuste fiscal robusto. Contudo, ainda há incertezas sobre como as medidas serão tramitadas no Congresso.

Essa situação gera dúvidas sobre a eficácia das propostas. Na tentativa de obter apoio, Haddad se reuniu com líderes partidários no Senado, buscando convencê-los a apoiar as propostas.

O objetivo é garantir a tramitação das medidas. A expectativa é que as propostas sejam discutidas também com os líderes da Câmara dos Deputados.

Incertezas no Congresso e a reação do mercado

Analistas do mercado financeiro acreditam que o impacto das medidas dependerá da aprovação no Congresso e da firmeza do governo em implementá-las. Existe o risco de que as propostas sejam enfraquecidas durante as negociações legislativas, o que poderia aumentar a pressão sobre o mercado.

A comunidade financeira está particularmente atenta a sinais claros de comprometimento do governo com o ajuste fiscal.

Embora a proibição de ampliação de benefícios tributários em caso de déficit primário tenha sido vista como uma ação positiva, muitos consideram que isso, por si só, não é suficiente para recuperar a confiança de investidores.

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