O ministro do Trabalho e Emprego do governo Lula, Luiz Marinho (PT-SP), reconsiderou sua decisão de pedir demissão depois de ameaçar deixar o cargo. A ameaça foi motivada pelo temor de que o pacote de corte de gastos impactasse negativamente sua pasta.
A mudança de postura ocorreu depois de ele ser incluído nas discussões sobre as medidas fiscais. “Eu disse que se não fosse envolvido, colocaria meu cargo à disposição”, afirmou Marinho. “Mas fui ouvido. Participei de todo o debate. Será anunciado.”
Essas medidas foram anunciadas na quarta-feira 27 pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP). Um dos principais pontos das novas medidas é a alteração na forma de reajuste do salário mínimo.
O cálculo agora será feito dentro do novo arcabouço fiscal, em vez de ser baseado na inflação e no PIB de dois anos anteriores.
No mês passado, Marinho expressou descontentamento ao ser questionado sobre possíveis cortes no Ministério do Trabalho e Emprego, afirmando que qualquer decisão sem sua participação seria uma “agressão”.
Outros ministros de Lula também cogitaram demissão
Marinho foi um dos responsáveis pelo impasse nas negociações entre o governo e os ministros da área social, que também ameaçaram deixar seus cargos caso suas pastas fossem afetadas.
Carlos Lupi (PDT-RJ), ministro da Previdência, também cogitou demissão, mas ainda não fez declarações públicas depois de as novas medidas serem apresentadas.
O pacote de corte de gastos foi detalhado por Haddad, Simone Tebet (MDB-MS), ministra do Planejamento, e Rui Costa (PT-BA), chefe da Casa Civil. As medidas devem ser encaminhadas para aprovação no Congresso Nacional.
O mercado financeiro vinha exercendo forte pressão para que o governo apresentasse um ajuste fiscal robusto. Contudo, ainda há incertezas sobre como as medidas serão tramitadas no Congresso.
Essa situação gera dúvidas sobre a eficácia das propostas. Na tentativa de obter apoio, Haddad se reuniu com líderes partidários no Senado, buscando convencê-los a apoiar as propostas.
O objetivo é garantir a tramitação das medidas. A expectativa é que as propostas sejam discutidas também com os líderes da Câmara dos Deputados.
Incertezas no Congresso e a reação do mercado
Analistas do mercado financeiro acreditam que o impacto das medidas dependerá da aprovação no Congresso e da firmeza do governo em implementá-las. Existe o risco de que as propostas sejam enfraquecidas durante as negociações legislativas, o que poderia aumentar a pressão sobre o mercado.
A comunidade financeira está particularmente atenta a sinais claros de comprometimento do governo com o ajuste fiscal.
Embora a proibição de ampliação de benefícios tributários em caso de déficit primário tenha sido vista como uma ação positiva, muitos consideram que isso, por si só, não é suficiente para recuperar a confiança de investidores.
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