A recente alteração no letreiro do Café e Bar Casilhas, tradicional ponto de encontro na Rua Siqueira Campos, em Copacabana, gerou revolta entre moradores e frequentadores da Zona Sul do Rio. O icônico painel, um dos mais antigos e conhecidos da cidade, foi substituído por uma versão em tons de laranja, estampando o logo de uma marca de cerveja.
A mudança não passou despercebida nas redes sociais. Preá, fotógrafo e catalogador de botecos populares do Rio, fez uma forte denúncia sobre a perda de um dos letreiros mais emblemáticos da região.
“Morreu um dos letreiros mais bonitos do bairro de Copacabana. A placa elegante, com tipografia exclusiva, deu lugar a um borrão laranja da marca Petra — uma das maiores violências estéticas que esse perímetro urbano já presenciou”, compartilhou.


Apagamento da identidade urbana de Copacabana
Preá refletiu sobre o impacto simbólico da mudança, apontando que a transformação do letreiro representa a perda da identidade de Copacabana e a descaracterização do cenário urbano. Ele lamentou o apagamento das memórias e histórias que moldam o bairro, observando que, ao invés das luzes que representam o passado, “vai sobrando pra gente sombras, o concreto, a padronização e alguns borrões”.
Responsabilidade coletiva
Para o fotógrafo, a responsabilidade pela descaracterização dos bares populares da cidade é coletiva, e não apenas dos donos dos estabelecimentos que costumam passar por essas mudanças.
“A culpa não é do dono, que, é claro, tem suas motivações. A culpa desse apagamento e destruição da nossa história e da nossa memória é coletiva. Os estabelecimentos buscam sobreviver, as marcas buscam sua própria afirmação sem nenhum limite, e o poder público não incentiva a preservação do patrimônio. A derrota é minha, é sua, é de todo mundo”, finalizou.