‘No governo do amor, Folha é proibida de participar de coletivas’

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mais uma vez mostrou indignação com as atitudes do diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues. Dessa vez, o ex-chefe do Executivo criticou o delegado por proibir o jornal Folha de S.Paulo de participar de uma coletiva de imprensa, na manhã de quarta-feira 4. “Hoje, no governo do ‘amor’ e da ‘democracia’, a Folha é proibida de participar de coletivas.”

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Bolsonaro lembrou que o acusaram de fascista e de autoritário durante anos. No entanto, sempre foi um defensor intransigente da liberdade de imprensa. “Mesmo discordando da linha editorial da Folha e criticando algumas de suas reportagens, jamais impedi qualquer veículo de realizar seu trabalho.”

A Folha questionou Rodrigues depois de ser impedida de participar da coletiva de imprensa. “Vocês mandaram e-mail lá, né [com o pedido de posicionamento]”?, respondeu o chefe da corporação ao questionamento do jornal. “Não vou comentar.”

Bolsonaro diz que “pessoas são presas por opiniões”

O ex-presidente ainda disse que, “no governo do amor e da democracia”, pessoas são presas por opiniões. Também afirmou que “deputados são indiciados por suas falas, e o escrutínio da imprensa é evitado a todo custo”.

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Bolsonaro se referiu ao indiciamento dos deputados federais Marcel van Hattem (Novo-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) por falas na tribuna. 

Não é a primeira vez que o ex-presidente critica as atitudes de Rodrigues nesta semana. Na quarta-feira, o ex-presidente havia dito que o diretor-geral da PF “afronta a democracia”.

Embate entre Arthur Lira e Andrei Rodrigues

Recentemente, Rodrigues disse que o descontentamento do Congresso sobre o indiciamento de parlamentares não pode ter efeito na atuação da corporação. 

A declaração de Rodrigues foi uma resposta a uma fala do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O parlamentar havia criticado os indiciamentos.

O ex-presidente classificou Rodrigues como um “subordinado do Executivo”. Além disso, afirmou que o diretor-geral da PF “se intromete em questões internas do Legislativo”, além de “afrontar a palavra livre dos representantes do povo”.

Ex-presidente diz que Brasil vive um ataque a todos os pilares da democracia

Ainda de acordo com Bolsonaro, o Brasil vive um ataque sistemático a todos os pilares da democracia. Para ele, as garantias constitucionais mais importantes estão sendo relativizadas. “Até mesmo o direito dos religiosos, como o sigilo sacerdotal, estão sendo violados.”

O ex-presidente se referiu ao fato de a PF ter extraído conversas do padre José Eduardo com fiéis. O religioso é acusado de participar do suposto plano de golpe de Estado.

Relatos do inquérito afirmam que o padre José Eduardo participou de uma reunião no Palácio do Planalto para planejar o 8 de janeiro | Foto: Reprodução/Twitter/XRelatos do inquérito afirmam que o padre José Eduardo participou de uma reunião no Palácio do Planalto para planejar o 8 de janeiro | Foto: Reprodução/Twitter/X
Relatos do inquérito afirmam que o padre José Eduardo participou de uma reunião no Palácio do Planalto para planejar o 8 de janeiro | Foto: Reprodução/Twitter/X

“Talvez os signatários da carta pela democracia não estejam prestando atenção, mas nós estamos e o resto dos brasileiros também”, afirmou Bolsonaro. “Não podemos continuar assistindo a isso com indiferença. Esse tipo de coisa não é normal e não é aceitável. Se deixarmos nossas liberdades serem destruídas agora, nos arrependeremos amargamente no futuro.”

Leia também: “Parlamento vigiado”, reportagem de Silvio Navarro, publicada na Edição 246 da Revista Oeste

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