Dos 11 partidos que compõem a base ministerial do governo Lula, sete questionam a vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela, ocorridas em 28 de julho. Apenas dois admitem o resultado.
O resultado é contestado por MDB , PSD, União Brasil, PSB, PP, Republicanos e Rede Sustentabilidade. PT e PCdoB reconhecem como legítima a reeleição do ditador venezuelano.
O Psol, que ocupa a pasta do Ministério dos Povos Indígenas, contrariou a lógica de apoio ao governo e mostrou-se neutro.
Em nota, o partido da ministra Sonia Guajajara disse exigir transparência, mas criticou o risco de eventuais “ameaças golpistas”.
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A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, justificou o posicionamento da Rede Sustentabilidade ao declarar que o processo eleitoral venezuelano não representa o sentido de democracia.
No comando de dois ministérios (Integração e Desenvolvimento Regional e Previdência Social), o PDT afirmou que vai anunciar sua posição na próxima semana, depois de novas análises internas.
As críticas dos partidos a Maduro
Alguns dos partidos que questionam as eleições venezuelanas foram duros nas críticas, segundo declarações publicadas no site Poder360.
O MDB, por exemplo, disse que “passou da hora”, referindo-se a uma suposta negligência de Lula em relação a Maduro.
O PSD argumentou que “não há como reconhecer a eleição”, enquanto o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, declarou que a eleição não foi “livre, transparente e democrática”.
O PP aproveitou a polêmica para criticar o PT. Presidido pelo senador Ciro Nogueira, a legenda afirmou que democracia para o partido de Lula é demagogia eleitoral.
O PT, no entanto, emitiu nota oficial citando a reeleição de Maduro como um ato democrático. O PCdoB foi mais enfático: parabenizou o governo da Venezuela e classificou o processo eleitoral como “seguro”.
Para Lula, “nada de anormal” na Venezuela
O presidente Lula continua cauteloso, apesar das frequentes críticas por parte da comunidade internacional, especialmente de países como Estados Unidos e Argentina.
Em recente visita ao Chile, o presidente brasileiro disse ser normal as pessoas terem visões diferentes sobre as mesmas coisas. Sua fala resgatou uma ideia defendida pelo petista em junho do ano passado, quando disse que a “democracia é relativa”.
Lula é criticado porque, segundo opositores, nega a realidade de que houve fraude nas eleições venezuelanas. Em vez de contestar os resultados, reclama a oposição, Lula ignora a gravidade do processo.
Leia também: “O ditador de Lula”, reportagem de Cristyan Costa publicada na Edição 228 da Revista Oeste
Em 30 de julho, dois dias depois das eleições na Venezuela, Lula não reconheceu publicamente a vitória de Maduro. Contudo, disse que não considerava “nada de anormal” no processo eleitoral e criticou a imprensa brasileira, que estaria tratando a questão como se fosse a Terceira Guerra Mundial.