
O Barão de Itararé tinha muitas frases marcantes. Uma das melhores é: “De onde menos se espera, daí é que não sai nada.” E é assim com a oposição no Brasil — e também na Câmara Municipal do Rio. O que podemos esperar do PL, além de ser contra, por princípio, a tudo que Eduardo Paes proponha ou deseje?
Segunda maior bancada da Casa, o PL votou contra o projeto de Segurança Municipal apresentado pela Prefeitura do Rio. Afinal, a proposta criava uma nova força de segurança na cidade, desprestigiava os atuais guardas municipais e, como se demonstrou ao longo do tempo, era inconstitucional. Com tantas polêmicas, o projeto foi retirado de pauta, encontrando resistência até mesmo dentro do grupo político do prefeito e entre vereadores independentes.
Paes agora terá de aguentar o desgaste de ver, justamente na pauta que pretendia usar como vitrine para sua candidatura ao governo do estado em 2028 — Segurança Pública — uma derrota em casa. Uma sequência de erros impediu que ele avançasse e capitalizasse eleitoralmente a natimorta Força de Segurança Municipal. Seus adversários, se bem assessorados, farão questão de explorar esse tropeço ao longo da campanha.
Com a retirada do projeto original, surgiu uma nova proposta — mezzo antiga, mezzo nova — originada na própria Câmara de Vereadores. Ela é de autoria do vereador Dr. Gilberto, com coautoria de:
- Carlo Caiado
- Willian Coelho
- Rafael Aloisio Freitas
- Flávio Valle
- Felipe Boró
- Marcelo Diniz
- Zico
- Leniel Borel
- Jair da Mendes Gomes
- Deangeles Percy
- Tânia Bastos
- Talita Galhardo
- Inaldo Silva
- Wellington Dias
- Junior da Lucinha
- Rodrigo Vizeu
- Márcio Ribeiro
E mais: as Comissões de Justiça, Segurança Pública, Administração, Defesa dos Direitos Humanos e Finanças também assinam como coautoras.
Esse projeto não cria uma nova força, não troca o nome da Guarda, não menciona temporários. Basicamente, trata do armamento da corporação. E o PL — o partido mais identificado com a pauta de segurança e historicamente defensor do armamento da Guarda — simplesmente não aparece entre os apoiadores. Era o momento do partido brilhar. Por que deixou isso de lado?
Será que é apenas o desejo de se manter na oposição? Teria o PL virado o PSOL da direita? E, diga-se de passagem, o PSOL não apoiar faz todo o sentido — o partido é contra o armamento por princípio. Mas o PL? Qual a razão? Birra política? O medo de dar uma vitória a Eduardo Paes — mesmo que, nesse caso, nem fosse diretamente dele?
Para que o leitor saiba, deixo claro: sou contra o armamento da Guarda Municipal do Rio. Uma Prefeitura que não consegue resolver problemas básicos como ordenamento urbano, ocupações e até mesmo o trânsito, não deveria se envolver em questões mais complexas de segurança pública — ainda mais considerando o risco de se colocar uma arma nas mãos de uma força despreparada.
Mas será que essa também é a preocupação do Partido Liberal?
RESPOSTA DO PL
O PL está atento às tentativas do prefeito de ludibriar o Legislativo. O Projeto de Emenda à Lei Orgânica Municipal (Pelom) que autoriza o uso do armamento pelos guardas municipais, criado pela Câmara, já teve total apoio do partido.
O Pelom original enviado pelo governo municipal armava a “nova força” excluindo a guarda e obrigava o acautelamento, expondo ao perigo os profissionais de segurança.
Houve uma mudança mas que não ficou clara em relação à Guarda. O PL trabalhou para o tópico ficar claro e assim dificultar a criação da milícia do prefeito.