Prejuízo dos Correios é ‘maior escândalo’ do governo, diz deputado

Os Correios estão enfrentando uma crise sem precedentes sob a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para se ter ideia, de janeiro a setembro de 2024, a estatal registrou um prejuízo de R$ 2 bilhões. O valor representa o maior déficit da história da empresa nesse período, com possibilidade de superar o rombo de R$ 2,1 bilhões, ocorrido em 2015, no governo de Dilma Rousseff.

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Em razão disso, o deputado federal Evair de Melo (PP-ES) protocolou no Tribunal de Contas da União (TCU) uma solicitação que busca esclarecimentos sobre a administração dos Correios. Segundo ele, há “indícios alarmantes” de má gestão e atos ilícitos na estatal. 

Leia o documento na íntegra:

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Em entrevista à edição desta segunda-feira, 9, do Jornal da Oeste, o parlamentar disse que o prejuízo dos Correios representa “o maior escândalo” do atual governo Lula. 

Decisões administrativas têm impactado os Correios

Para Melo, decisões administrativas têm impactado os Correios. Em abril de 2023, por exemplo, a estatal optou por não recorrer de uma ação trabalhista superior a R$ 600 milhões no Tribunal Superior do Trabalho. 

O processo milionário foi movido pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos. O órgão exige o pagamento adicional de atividades de distribuição e coleta para os funcionários.

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A estatal também assumiu a responsabilidade de cobrir uma dívida de R$ 7,6 bilhões com o Postalis — fundo de pensão dos funcionários —, para sanar parte do déficit previdenciário. Em meio a desafios, os Correios abriram concurso para 3,5 mil vagas, com salários de R$ 2,4 mil a R$ 6,9 mil, sem cancelamento de provas nem rompimento de contratos.

Ao Jornal da Oeste, o deputado também afirmou que acionou a Polícia Federal porque, de acordo com ele, os Correios “estão transportando, de forma ilegal, bateria de lítio em bagageiros de aviões — o que é proibido no Brasil”. 

Lula reconhece rombo dos Correios

Com o aumento da pressão política por causa da má administração dos Correios, Lula assinou três decretos com objetivo de reestruturar a governança das empresas estatais brasileiras e seus modelos de negócios. 

O governo afirmou que vai publicar o documento no Diário Oficial da União nesta terça-feira, 10. Enquanto isso, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, afirmou que os decretos foram construídos para modernizar a gestão das estatais.

“O foco, obviamente, são as empresas que estão com alguma questão financeira, também discutindo empresas dependentes do orçamento”, afirmou a ministra. “A nossa preocupação maior é justamente melhorar a capacidade dessas empresas de gerar valor para a sociedade brasileira. Aumentar a sua sustentabilidade financeira e poder pensar na remodelagem dos modelos de negócios.”

De acordo com Melo, o governo petista “reconheceu que tem rombo bilionário e tenta fazer um gesto para mostrar preocupação com as contas públicas”. Mesmo assim, o parlamentar quer investigação para saber quem foram os responsáveis pelo rombo. 

“O churrasqueiro de Lula”

Apelidado de “o churrasqueiro de Lula”, o advogado Fabiano Silva dos Santos, de 47 anos, foi indicado pelo grupo Prerrogativas para o cargo de presidente dos Correios.

Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência BrasilFabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Fabiano Silva dos Santos, presidente dos Correios | Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Trata-se de um grupo alinhado à Lula e crítico à Operação Lava Jato. Além disso, Santos tem proximidade com o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR), filho do ex-ministro petista José Dirceu. 

Governo tenta jogar a culpa em Bolsonaro 

Apesar disso, o governo tenta jogar a culpa do rombo na estatal no colo da gestão anterior. No entanto, o lucro dos Correios na administração do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o maior da história, de R$ 3,7 bilhões. 

Bolsonaro também colocou os Correios na lista de privatização. Contudo, depois de Lula assumir seu terceiro mandato, praticamente encerrou o programa de desestatizações do governo federal. Também prometeu “investimento e modernização” para a estatal. Apesar disso, desde 2023, a empresa viu apenas os prejuízos aumentarem.

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