O general da reserva Walter Braga Netto, detido na Vila Militar, no Rio de Janeiro, está sob vigilância constante no quartel-general (QG) da Primeira Divisão de Exército. Dois soldados da polícia da Força Armada monitoram o general 24 horas por dia.
A prisão preventiva de Braga Netto foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A decisão do magistrado se deu depois de parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.
De acordo com a Polícia Federal, a prisão foi solicitada devido à suspeita de que Braga Netto teria participado de um suposto plano para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Conforme a denúncia, ele também teria tentando obstruir as investigações judiciais.
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Ao chegar à unidade da Vila Militar, Braga Netto passou por exame médico. Além disso, participou de uma audiência de custódia via videoconferência conduzida por um juiz assistente de Moraes, que decidiu pela manutenção da prisão.
Braga Netto está em um alojamento adaptado com banheiro exclusivo e recebe quatro refeições diárias, iguais às servidas aos militares da unidade, informa o jornal Folha de S.Paulo. Ele tem permissão para sair do alojamento uma vez por dia para tomar um banho de sol.
As visitas são restritas aos advogados, conforme determinação judicial. Na última quarta-feira, 18, ele recebeu a visita do advogado José Luís Oliveira Lima.
O QG da Primeira Divisão de Exército, onde Braga Netto está detido, possui importância histórica. Foi desse local que partiram combatentes da Força Expedicionária Brasileira na Segunda Guerra Mundial, sob o comando do então general Mascarenhas de Morais, posteriormente promovido a marechal — e que dá nome a um bairro na zona leste de São Paulo.
Vila Militar onde está Braga Netto
A Vila Militar do Rio de Janeiro é a maior guarnição do país e abriga unidades importantes, como a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e a Brigada Paraquedista. O ex-presidente Jair Bolsonaro tem ligação com a região, tendo passado por ambas as instituições e morado na Vila Militar e no bairro vizinho de Bento Ribeiro.
O QG fica próximo à Escola Municipal Rosa da Fonseca, onde Bolsonaro vota. A Primeira Divisão de Exército já foi comandada por figuras de destaque, como o general Luiz Eduardo Ramos, de 2014 a 2016, que depois atuou como ministro no governo Bolsonaro. O último comandante foi o general Kleber Vasconcellos, atual chefe do Comando Militar do Leste, cargo já ocupado por Braga Netto de 2016 a 2019.
A interação entre Braga Netto e Vasconcellos, ambos generais de quatro estrelas, serviu para aliviar a tensão decorrente do fato de que o chefe da Primeira Divisão de Exército, Eduardo Tavares Martins, é um general de divisão, um posto abaixo de Braga Netto. Vasconcellos assegurou que a segurança de Braga Netto ficaria a cargo do Comando Militar do Leste e que cumpriria rigorosamente as determinações judiciais.
Preso a mando de Moraes, Braga Netto fez parte do governo Bolsonaro. Primeiramente, ocupou o cargo de ministro-chefe da Casa Civil. Depois, serviu como ministro da Defesa. Na eleição de 2022, ele se filiou ao Partido Liberal e se candidatou a vice-presidente, na chapa encabeçada pelo então presidente da República.
Leia também: “O linchamento do general”, artigo de J. R. Guzzo publicado na Edição 248 da Revista Oeste