“Professora”: plano de golpe tinha codinomes para se referir a Moraes

O planejamento da tentativa de golpe de Estado em 2022, após as eleições presidenciais, previa, de acordo com investigação da Polícia Federal (PF), diferentes ações em relação ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época, ele era citado com frequência em trocas de mensagens e textos compartilhados entre os envolvidos.

Para tentar despitar e manter o sigilo do plano, no entanto, os articuladores do planejamento nem sempre se referiam a ele pelo nomo real, pelo contrário. As informações obtidas pelas diligências da PF mostram que o comum era adotar codinomes ou formas ocultas de mencionar o ministro do STF.

Em troca de mensagens em 21 de dezembro de 2022, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, teria se referido a Moraes pelo codinome “Professora”. Na ocasião, ele conversava com o coronel da reserva e então assessor especial da Presidência da República, Marcelo Câmara, que teria atuado, segundo a PF, como informante sobre o paradeiro de Moraes.

O diálogo coletado pela apuração da PF está inserido no contexto de monitoramento de autoridades e possível execução do plano de sequestro e até assassinato de Moraes.

“A extração pericial realizada no telefone celular do investigado Mauro Cid evidenciou mensagens com Marcelo Câmara que demonstram atos de monitoramento do ministro”, aponta a PF no relatório do inquérito, revelado nessa terça-feira (26/11).

Depois de ser informado de que Moraes havia viajado para São Paulo em 16 de dezembro de 2022, Mauro Cid voltou a perguntar a Câmara sobre o paradeiro do ministro na noite de 21 de dezembro: “Por onde anda a professora?”.

O coronel da reserva respondeu: “Informação que foi para uma escola em SP ontem”. Cid, então, questionou novamente: “E tem previsão de volta?”. A resposta: “Somente para início do ano letivo”.

Veja:

Véspera de Natal

O monitoramento da movimentação de Moraes, com o codinome “Professora”, prosseguiu em 24 de dezembro de 2022, véspera de Natal. Mauro Cid voltou a procurar Marcelo Câmara pelo WhatsApp: “Onde a professora está?”.

O coronel respondeu que iria verificar e, pouco mais de 1 hora depois, respondeu: “Está em SP — volta dia 31 à noite para a posse”.

Em seguida, Cid, com a intenção de detalhar a busca, perguntou: “Na capital ou interior?”. E Câmara respondeu: “Na residência em SP — eu não sei onde fica”. Veja:

imagem colorida de diálogo mauro cid sobre alexandre de moraes

“A equipe de investigação comparou os voos realizados pelo ministro no período de 14/12/2022 até 31/12/2022, com os dados de acompanhamento realizados pelos investigados. A análise dos dados confirmou que o ministro Alexandre de Moraes foi monitorado pelos investigados, demonstrando que os atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito estavam em execução”, aponta a PF no relatório.

Outro codinome: “centro de gravidade”

A investigação identificou, ainda, que Moraes era chamado pelos integrantes da suposta organização criminosa pelo termo “centro de gravidade”. Pela atuação à frente do TSE e na relatoria de inquéritos sensíveis para integrantes do então governo, como o das Fake News, ele era considerado o “núcleo de resistência a ser vencido” para garantir a efetivação da ruptura intitucional.

O termo teria sido mencionado, segundo a investigação, em reunião de militares em 28 de novembro de 2022, que serviu para articular a operacionalização do plano de golpe e concluir, ainda, a elaboração de uma carta endereçada ao comando do Exército, visando pressionar os generais a apoiarem a investida golpista.

Em troca de mensagens, após a reunião, segundo a PF, os coronéis Correa Netto e Fabrício Moreira de Bastos “descreveram as fragilidades identificadas no plano e as ações que seriam adotadas”.

No fim do texto, eles explicitaram os objetivos apresentados no encontro, em três partes: Ideias-forças, Estado Final Desejado e Centro de Gravidade. Cada uma delas, foi descrita da seguinte forma:

– Ideias-Forças: necessidade de alertar os comandantes militares de área acerca da realidade; realizar ações concretas no campo informacional (comunicação estratégica); criação de gabinete de crise no Coter — Comando de Operações Terrestres.

– Estado Final Desejado: estabelecimento de laços de confiança ente o presidente da República e o comandante do Exército Brasileiro.

– Centro de gravidade: Alexandre de Moraes.



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O planejamento da tentativa de golpe de Estado em 2022, após as eleições presidenciais, previa, de acordo com investigação da Polícia Federal (PF), diferentes ações em relação ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época, ele era citado com frequência em trocas de mensagens e textos compartilhados entre os envolvidos.

Para tentar despitar e manter o sigilo do plano, no entanto, os articuladores do planejamento nem sempre se referiam a ele pelo nomo real, pelo contrário. As informações obtidas pelas diligências da PF mostram que o comum era adotar codinomes ou formas ocultas de mencionar o ministro do STF.

Em troca de mensagens em 21 de dezembro de 2022, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, teria se referido a Moraes pelo codinome “Professora”. Na ocasião, ele conversava com o coronel da reserva e então assessor especial da Presidência da República, Marcelo Câmara, que teria atuado, segundo a PF, como informante sobre o paradeiro de Moraes.

O diálogo coletado pela apuração da PF está inserido no contexto de monitoramento de autoridades e possível execução do plano de sequestro e até assassinato de Moraes.

“A extração pericial realizada no telefone celular do investigado Mauro Cid evidenciou mensagens com Marcelo Câmara que demonstram atos de monitoramento do ministro”, aponta a PF no relatório do inquérito, revelado nessa terça-feira (26/11).

Depois de ser informado de que Moraes havia viajado para São Paulo em 16 de dezembro de 2022, Mauro Cid voltou a perguntar a Câmara sobre o paradeiro do ministro na noite de 21 de dezembro: “Por onde anda a professora?”.

O coronel da reserva respondeu: “Informação que foi para uma escola em SP ontem”. Cid, então, questionou novamente: “E tem previsão de volta?”. A resposta: “Somente para início do ano letivo”.

Veja:

Véspera de Natal

O monitoramento da movimentação de Moraes, com o codinome “Professora”, prosseguiu em 24 de dezembro de 2022, véspera de Natal. Mauro Cid voltou a procurar Marcelo Câmara pelo WhatsApp: “Onde a professora está?”.

O coronel respondeu que iria verificar e, pouco mais de 1 hora depois, respondeu: “Está em SP — volta dia 31 à noite para a posse”.

Em seguida, Cid, com a intenção de detalhar a busca, perguntou: “Na capital ou interior?”. E Câmara respondeu: “Na residência em SP — eu não sei onde fica”. Veja:

imagem colorida de diálogo mauro cid sobre alexandre de moraes

“A equipe de investigação comparou os voos realizados pelo ministro no período de 14/12/2022 até 31/12/2022, com os dados de acompanhamento realizados pelos investigados. A análise dos dados confirmou que o ministro Alexandre de Moraes foi monitorado pelos investigados, demonstrando que os atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e Abolição do Estado Democrático de Direito estavam em execução”, aponta a PF no relatório.

Outro codinome: “centro de gravidade”

A investigação identificou, ainda, que Moraes era chamado pelos integrantes da suposta organização criminosa pelo termo “centro de gravidade”. Pela atuação à frente do TSE e na relatoria de inquéritos sensíveis para integrantes do então governo, como o das Fake News, ele era considerado o “núcleo de resistência a ser vencido” para garantir a efetivação da ruptura intitucional.

O termo teria sido mencionado, segundo a investigação, em reunião de militares em 28 de novembro de 2022, que serviu para articular a operacionalização do plano de golpe e concluir, ainda, a elaboração de uma carta endereçada ao comando do Exército, visando pressionar os generais a apoiarem a investida golpista.

Em troca de mensagens, após a reunião, segundo a PF, os coronéis Correa Netto e Fabrício Moreira de Bastos “descreveram as fragilidades identificadas no plano e as ações que seriam adotadas”.

No fim do texto, eles explicitaram os objetivos apresentados no encontro, em três partes: Ideias-forças, Estado Final Desejado e Centro de Gravidade. Cada uma delas, foi descrita da seguinte forma:

– Ideias-Forças: necessidade de alertar os comandantes militares de área acerca da realidade; realizar ações concretas no campo informacional (comunicação estratégica); criação de gabinete de crise no Coter — Comando de Operações Terrestres.

– Estado Final Desejado: estabelecimento de laços de confiança ente o presidente da República e o comandante do Exército Brasileiro.

– Centro de gravidade: Alexandre de Moraes.

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