As críticas que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR), fez ao projeto de corte de gastos, neste final de semana, expôs um novo ponto de tensão dentro do governo. Há uma cisão entre a ala mais social do partido e a equipe econômica, do ministro da Fazenda Fernando Haddad.
Haddad lidera o grupo incumbido de executar o pacote requisitado pelo mercado como prova de compromisso da austeridade do governo com as contas públicas. A ideia, contudo, é vista por membros do partido e aliados com muita resistência.
PT associa medidas a sacrifícios e ‘neoliberalismo’
A crítica de Gleisi foi em direção principalmente a artigos da imprensa em favor do corte de gastos. A petista diz que a proposta representa um “sacrifício dos aposentados, dos trabalhadores, da saúde e da educação, que podem até combinar com o neoliberalismo frenético do governo passado, mas não com o governo que foi eleito para reconstruir o país”.
No manifesto que o PT publicou nesta segunda, 11, contra o corte, o partido assina por meio de um dirigente local do partido, Jardel Lopes, enquanto que legendas aliadas se expõem mais, como o Psol, PC do B, PCB, entre outros movimentos sociais.
“O poder financeiro, os mercados e seus porta-vozes na mídia agitam o fantasma de uma inexistente crise fiscal, quando o que estamos vivendo é a retomada dos fundamentos econômicos, destruídos pelo governo anterior”, diz um trecho do texto.
Em outro momento, o manifesto afirma que “agora querem cortar na carne da maioria do povo”. Diz ainda que “estão avançando seu facão sobre conquistas históricas como o reajuste real do salário-mínimo”. Há críticas também sobre sua vinculação às aposentadorias e ao BPC, o seguro-desemprego. Por fim, destaca efeitos em relação aos “direitos do trabalhador sobre o FGTS e os pisos constitucionais da Saúde e da Educação”.
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O governo vem tentando fechar o pacote há duas semanas. Esbarra, contudo, na resistência de alguns ministros contrários aos cortes. Um deles é Wellington Dias (Desenvolvimento Social). Os outros são Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e Carlos Lupi (Previdência). Ambos expuseram em público a insatisfação com a possibilidade de suas pastas perderem recursos.