Quase 50% das obras públicas paralisadas no país se devem a problemas técnicos

Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgado nesta quarta-feira, 4, mostra que 52% das obras públicas no Brasil estão paralisadas. São quase 12 mil projetos interrompidos, de um total de cerca de 23 mil. O relatório analisa apenas os projetos financiados com recursos do governo federal. Pelo menos R$ 10 bilhões já foram investidos nos empreendimentos paralisados.

Para Rafael Marinangelo, pós-doutor pela Faculdade de Direito da USP e especialista em Direito da Construção, Contratos de Construção e Processos Licitatórios, o mais preocupante é que 47% das quase 12 mil obras paradas foram interrompidas por causa de problemas técnicos.

TCU revela que 5,6 mil obras públicas foram paralisadas por problemas técnicos
TCU revela que 5,6 mil obras públicas foram paralisadas por problemas técnicos
Distribuição das obras paralisadas por Estado | Foto: Divulgação/Tribunal de Contas da União

Ou seja, provavelmente se referem a “projetos que foram mal feitos, soluções construtivas que não estão adequadas, problema de gestão e outras questões que são eminentemente técnicas e que redundaram nessa paralisação”, diz o jurista. “Não é um problema de falta de verba.”

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Entre os projetos parados, 62% são das áreas de saúde e educação, que, juntos, somam 8.674. Já entre os Estados, o Maranhão lidera, com 1.232 projetos interrompidos, seguido por Bahia e Pará, que têm 972 e 938 projetos suspensos, respectivamente. 

Custo de retomada das obras é incerto, apesar da estimativa do TCU

O governo já investiu R$ 9 bilhões nas obras paralisadas, segundo o TCU. O órgão estima uma diminuição no valor total previsto para esses projetos. Em 2023, a cifra prevista para obras paralisadas era de R$ 32,23 bilhões, mas caiu para R$ 29,36 bilhões em 2024. 

Custos de retomada das obras paradas é incerto, apesar da estimativa do TCU
Custos de retomada das obras paradas é incerto, apesar da estimativa do TCU
Estimativa de valores das obras paradas | Foto: Divulgação/TCU

“Essa redução representa um ponto positivo, pois mostra que, apesar do aumento no número de obras paralisadas, o valor total dos projetos inacabados diminuiu”, diz o relatório.

No entanto, de acordo com Marinangelo, a retomada dos projetos encareceria os custos além do inicialmente previsto. Isso porque o recomeço envolve despesas que variam da manutenção de equipamentos à possível reparação de furto ou roubo de material. 

Assim, a falta de clareza sobre os requisitos necessários para a conclusão das obras paradas faz qualquer previsão de gastos ser incerta, conclui o jurista. 



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