O advogado Carlos Dantas, que representa o militar da reserva Aparecido Portela no Supremo Tribunal Federal (STF), criticou a Polícia Federal (PF) por indiciar seu cliente em investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil. O jurista concedeu entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo nesta segunda-feira, 16.
“É tudo muito estranho”, afirmou Dantas. “A PF agiu politicamente. O relatório que indiciou Portela não tem nenhuma prova nova, fato novo, nada diferente do anterior. As acusações são inverídicas.”
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Aparecido Portela mantém proximidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro e é suplente da senadora Tereza Cristina (PP-MS), além de presidir o Partido Liberal (PL) em Mato Grosso do Sul. O indiciamento de Portela ocorreu em 11 de dezembro, acompanhado de outros dois militares. Em novembro, a PF já havia indiciado Bolsonaro e mais 36 pessoas sob a mesma acusação.
De acordo com a investigação da Polícia Federal, Portela teria intermediado contatos entre Bolsonaro e financiadores de manifestações em Mato Grosso do Sul. A PF informou que Portela visitou o Palácio da Alvorada 13 vezes em dezembro de 2022.
Militar e Bolsonaro são amigos há décadas
Dantas lembrou da amizade de longa data entre Portela e Bolsonaro, que remonta aos anos 1970, quando serviram juntos no Exército em Mato Grosso do Sul. O advogado mencionou que Bolsonaro sempre convidou Portela para eventos. A defesa utiliza essa proximidade para refutar as acusações.
Conforme apontado pela Polícia Federal, Portela e Bolsonaro se conheceram em Nioaque (MS), próximo à fronteira com o Paraguai. Na época, tentaram empreender em cultivo de arroz e garimpo de ouro.
A defesa de Portela afirma que suas condutas foram mal interpretadas e que ele não participou de atos ilegais.