
A retomada das obras do Museu da Imagem e do Som (MIS), no Rio de Janeiro, no início da gestão do governador Cláudio Castro, em 2021, ocorreu sem a devida avaliação técnica do estado do canteiro após seis anos de paralisação. A constatação é de uma auditoria aprovada pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que classificou os equívocos como “erros grosseiros” de planejamento. As informações são de Ítalo Nogueira/Folha de São Paulo.
Segundo os auditores, a ausência de um diagnóstico prévio contribuiu para ferrugens, infiltrações e deterioração de materiais armazenados sem cuidados. A falta de planejamento levou à rescisão de contratos e a uma nova interrupção das obras, que haviam sido paralisadas completamente desde 2016.
Com nova licitação, a construção foi retomada no fim de 2023. No entanto, contratos atuais também enfrentam dificuldades. Um deles está prestes a ser alterado devido à identificação de serviços não previstos, repetindo os mesmos entraves citados anteriormente pelo TCE.
Em nota, a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas informou ter instaurado “sindicância administrativa para apurar os erros indicados”. A pasta declarou que a alteração contratual recente, com acréscimo de 5% no valor, decorre de “testes realizados após a entrada da nova empresa” e incluiu ajustes como a modernização de elevadores existentes e obras requisitadas pela Light, concessionária de energia.
Iniciada em 2010, com previsão inicial de entrega em 2012, a obra do MIS acumula mais de uma década de atrasos e já consumiu cerca de R$ 91 milhões. O governo estima que a conclusão exigirá mais R$ 93,2 milhões, com entrega prometida para dezembro de 2025.
A primeira tentativa de retomada, ainda na gestão Castro, foi marcada por problemas. A empresa MPE Engenharia, contratada para a execução, alegou necessidade de serviços adicionais não previstos, como a recuperação de painéis de cobogó danificados por exposição climática. Um relatório de 2021, da empresa portuguesa Seveme, responsável pelos painéis, apontou “acentuado dano causado pelas águas contaminadas”.
O TCE destacou que uma “diligência mínima nas fases preliminares” teria identificado os problemas antes da contratação da MPE. Os auditores também apontaram falta de coordenação entre contratos, o que agravou o impacto das falhas. A MPE atuava enquanto o estado ainda tentava reativar, sem sucesso, o contrato da fachada com a Seveme, o que resultou em um efeito cascata de atrasos.
Em 2024 e 2025, novas licitações foram realizadas. Os consórcios das empresas R2X e Tangran assumiram a conclusão da parte interna e da fachada, com contratos de R$ 68,8 milhões e R$ 12,1 milhões, respectivamente. Ainda está em andamento uma licitação para a marcenaria, com valor estimado de R$ 12,3 milhões. Se mantidos os prazos, o espaço será inaugurado no final de 2025.