No Brasil, 34,2% das escolas não desenvolvem ações na área de educação ambiental. A informação foi levantada pelo Metrópoles nos microdados do Censo Escolar de 2024, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no início deste mês. Em números absolutos, são 119.106 unidades de ensino sem as ações neste campo do ensino e 61.959 este tipo de atividade.
A informação sobre a educação ambiental vem à tona diante da proximidade de o Brasil sediar o maior encontro ambiental do Planeta. Belém recebe de 10 de novembro a 21 de novembro deste ano a Conferência das Partes (COP30) que visa a discutir soluções para a emergência climática.
Mais sobre educação ambiental
- Brasil tem 61.959 escolas sem atividades de educação ambiental.
- Unidades de ensino também apresentam deficiência na infraestrutura relacionada à sustentabilidade como baixo número de unidades de ensino com energia renovável.
- A cidade de Belém recebe a COP no mês de novembro. Evento global vai discutir formas de amenizar as consequências da crise climática e também soluções de adaptação.
Se por um lado, o fato de haver uma porção importante das unidades de ensino sem atividades voltadas para a questão ambiental, a inclusão destas questões no Censo denota uma sinalização de que a questão é importante para o governo federal. Esta é a primeira vez que há um grupo de perguntas sobre o tema no questionário.
A educadora e bióloga Mônica Passarinho, explica que a legislação brasileira traz a educação ambiental como algo que é “transversal e deve estar presente ao longo de todo o ensino”.
“Essa proposta, por aproximar as crianças e os jovens do ambiente natural, tem a intencionalidade de manter viva essa memória de que nós também somos natureza e isso vai corroborar para que esse vínculo seja mantido ao longo de toda a vida. Então, por exemplo, se você conversar com vários ativistas ambientais, você vai ver um padrão de que essas pessoas, quando eram crianças, tiveram muitas experiências positivas com a natureza”, explica a pedagoga.
Ela reforça que adotar essa educação dá a oportunidade de desenvolver essa consciência a respeito da vida em todas as suas formas e o compromisso em restaurar e regenerar.
“Essa educação também está relacionado com o reconhecimento dos povos indígenas e matriz africana no território brasileiro e percebendo que por conta deles a gente ainda tem terras conservadas. Ter uma boa educação ambiental permite que exista uma reparação histórica no país exista e que as políticas públicas sejam desenvolvidas”.
Embora a situação atual da educação ambiental nas escolas não seja resultado apenas do trabalho do atual governo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se elegeu tendo como uma das propostas promover o desenvolvimento de uma transição para a bioeconomia. A proposta foi materializada pelo Plano de Transformação Ecológica (PTE) ancorado no Ministério da Fazenda.
Outras questões de sustentabilidade
A sustentabilidade relacionada às escolas não se restringe apenas à questão pedagógica. Dados sobre a infraestrutura e a operacionalização dos estabelecimentos também revelam lacunas. Há número importante de unidades com problemas na destinação do lixo e do esgoto, bem como ausência de áreas com vegetação ou gramado.
As unidades escolares com gramado ou área verde, por exemplo, chegam a apenas 35% do total e o esgotamento sanitário por fossa está presente em 40,9% delas, ou seja, não há integração com a rede pública de coleta e tratamento do esgoto. A energia é um ponto menos presente nas escolas, atendendo apenas 3,2% do total.
Diretora do projeto “Criança aventureira: pelas maravilhas naturais do Brasil”, que atua com crianças a partir de 2 anos em atividades de educação ambiental, Pollyana Andrade afirma que os benefícios do envolvimento dos pequenos com a sustentabilidade vai além da questão ambiental.
“A gente percebe não só a melhora da criatividade, mas também o envolvimento das famílias. As crianças desenvolvem o conhecimento do que é reciclável e isso fica muito claro porque elas vão trabalhar com esses materiais”, explica Pollyana.
Sem vinculação direta com escolas, o projeto é realizado em Brasília e com crianças de comunidades ribeirinhas do Piauí. A educação ambiental é trabalhada basicamente pelo desenvolvimento de projetos sobre recursos naturais do País e contação de histórias. A iniciativa é do Instituto Insidefor.
O Ministério da Educação (MEC) respondeu em nota ao Metrópoles que no que diz respeito à educação básica, “sua função é de coordenador da política, ao atuar de modo supletivo, apresentando ações de apoio às redes. Este apoio pode ser técnico ou financeiro”. Sendo assim, o órgão age por meio do oferecimento de formações continuadas com o tema de educação ambiental para profissionais da educação.
Desde o lançamento do Censo 2024 pelo Inep, o Metrópoles tem analisado os dados gerais e os microdados observando pontos como educação integral, contratos temporários de professores, distribuição da educação profissional e a disponibilidade de bibliotecas nas unidades de ensino.
Outros números do Censo
O Brasil tem 47.088.922 estudantes matriculados. O número representa uma redução de 0,4% em relação a 2023. Conforme o levantamento atual, há 9.517.832 alunos em unidades privadas, o que representa pouco mais de 20% do total.
A educação infantil, que compreende creche e pré-escola, conta com 9.491.894 estudantes. Os demais estão no ensino fundamental (26.002.356), ensino médio (7.790.396), educação profissional (2.576.293), educação de jovens e adultos (EJA) (2.391.319) e educação especial (2.076.825). A soma das matrículas supera os 47 milhões de alunos porque um mesmo aluno pode pertencer a mais de uma modalidade, como ensino médio e educação especial, por exemplo.
Em todo o país, são 179.286 estabelecimentos de ensino. O ensino fundamental é a fase que possui mais unidades, com 120.935, seguido pela educação infantil, com 114.576.
No Brasil, 34,2% das escolas não desenvolvem ações na área de educação ambiental. A informação foi levantada pelo Metrópoles nos microdados do Censo Escolar de 2024, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no início deste mês. Em números absolutos, são 119.106 unidades de ensino sem as ações neste campo do ensino e 61.959 este tipo de atividade.
A informação sobre a educação ambiental vem à tona diante da proximidade de o Brasil sediar o maior encontro ambiental do Planeta. Belém recebe de 10 de novembro a 21 de novembro deste ano a Conferência das Partes (COP30) que visa a discutir soluções para a emergência climática.
Mais sobre educação ambiental
- Brasil tem 61.959 escolas sem atividades de educação ambiental.
- Unidades de ensino também apresentam deficiência na infraestrutura relacionada à sustentabilidade como baixo número de unidades de ensino com energia renovável.
- A cidade de Belém recebe a COP no mês de novembro. Evento global vai discutir formas de amenizar as consequências da crise climática e também soluções de adaptação.
Se por um lado, o fato de haver uma porção importante das unidades de ensino sem atividades voltadas para a questão ambiental, a inclusão destas questões no Censo denota uma sinalização de que a questão é importante para o governo federal. Esta é a primeira vez que há um grupo de perguntas sobre o tema no questionário.
A educadora e bióloga Mônica Passarinho, explica que a legislação brasileira traz a educação ambiental como algo que é “transversal e deve estar presente ao longo de todo o ensino”.
“Essa proposta, por aproximar as crianças e os jovens do ambiente natural, tem a intencionalidade de manter viva essa memória de que nós também somos natureza e isso vai corroborar para que esse vínculo seja mantido ao longo de toda a vida. Então, por exemplo, se você conversar com vários ativistas ambientais, você vai ver um padrão de que essas pessoas, quando eram crianças, tiveram muitas experiências positivas com a natureza”, explica a pedagoga.
Ela reforça que adotar essa educação dá a oportunidade de desenvolver essa consciência a respeito da vida em todas as suas formas e o compromisso em restaurar e regenerar.
“Essa educação também está relacionado com o reconhecimento dos povos indígenas e matriz africana no território brasileiro e percebendo que por conta deles a gente ainda tem terras conservadas. Ter uma boa educação ambiental permite que exista uma reparação histórica no país exista e que as políticas públicas sejam desenvolvidas”.
Embora a situação atual da educação ambiental nas escolas não seja resultado apenas do trabalho do atual governo, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se elegeu tendo como uma das propostas promover o desenvolvimento de uma transição para a bioeconomia. A proposta foi materializada pelo Plano de Transformação Ecológica (PTE) ancorado no Ministério da Fazenda.
Outras questões de sustentabilidade
A sustentabilidade relacionada às escolas não se restringe apenas à questão pedagógica. Dados sobre a infraestrutura e a operacionalização dos estabelecimentos também revelam lacunas. Há número importante de unidades com problemas na destinação do lixo e do esgoto, bem como ausência de áreas com vegetação ou gramado.
As unidades escolares com gramado ou área verde, por exemplo, chegam a apenas 35% do total e o esgotamento sanitário por fossa está presente em 40,9% delas, ou seja, não há integração com a rede pública de coleta e tratamento do esgoto. A energia é um ponto menos presente nas escolas, atendendo apenas 3,2% do total.
Diretora do projeto “Criança aventureira: pelas maravilhas naturais do Brasil”, que atua com crianças a partir de 2 anos em atividades de educação ambiental, Pollyana Andrade afirma que os benefícios do envolvimento dos pequenos com a sustentabilidade vai além da questão ambiental.
“A gente percebe não só a melhora da criatividade, mas também o envolvimento das famílias. As crianças desenvolvem o conhecimento do que é reciclável e isso fica muito claro porque elas vão trabalhar com esses materiais”, explica Pollyana.
Sem vinculação direta com escolas, o projeto é realizado em Brasília e com crianças de comunidades ribeirinhas do Piauí. A educação ambiental é trabalhada basicamente pelo desenvolvimento de projetos sobre recursos naturais do País e contação de histórias. A iniciativa é do Instituto Insidefor.
O Ministério da Educação (MEC) respondeu em nota ao Metrópoles que no que diz respeito à educação básica, “sua função é de coordenador da política, ao atuar de modo supletivo, apresentando ações de apoio às redes. Este apoio pode ser técnico ou financeiro”. Sendo assim, o órgão age por meio do oferecimento de formações continuadas com o tema de educação ambiental para profissionais da educação.
Desde o lançamento do Censo 2024 pelo Inep, o Metrópoles tem analisado os dados gerais e os microdados observando pontos como educação integral, contratos temporários de professores, distribuição da educação profissional e a disponibilidade de bibliotecas nas unidades de ensino.
Outros números do Censo
O Brasil tem 47.088.922 estudantes matriculados. O número representa uma redução de 0,4% em relação a 2023. Conforme o levantamento atual, há 9.517.832 alunos em unidades privadas, o que representa pouco mais de 20% do total.
A educação infantil, que compreende creche e pré-escola, conta com 9.491.894 estudantes. Os demais estão no ensino fundamental (26.002.356), ensino médio (7.790.396), educação profissional (2.576.293), educação de jovens e adultos (EJA) (2.391.319) e educação especial (2.076.825). A soma das matrículas supera os 47 milhões de alunos porque um mesmo aluno pode pertencer a mais de uma modalidade, como ensino médio e educação especial, por exemplo.
Em todo o país, são 179.286 estabelecimentos de ensino. O ensino fundamental é a fase que possui mais unidades, com 120.935, seguido pela educação infantil, com 114.576.
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