TCU recomenda bloqueio de R$ 10 bilhões do Pé-de-Meia

O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou o bloqueio de R$ 10 bilhões do Programa Pé-de-Meia, operado fora do orçamento oficial da União. Caso o ministro relator Augusto Nardes acate a sugestão, o financiamento do programa só será possível até janeiro de 2025. O portal UOL divulgou a informação nesta quinta-feira, 12.

O Pé-de-Meia oferece uma mesada de R$ 200 por mês a estudantes de baixa renda do ensino médio. O valor soma R$ 9,2 mil por aluno ao longo de três anos.

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Em resposta, o Ministério da Educação (MEC) informou que “todos os aportes feitos para o Programa Pé-de-Meia foram aprovados pelo Congresso Nacional e cumpriram as normas orçamentárias vigentes”.

O MEC também afirmou que já forneceu esclarecimentos preliminares solicitados pelo TCU e que irá complementar as informações oportunamente. A auditoria do TCU foi iniciada depois de reportagens indicarem irregularidades e falta de transparência na execução da ação governamental liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Os técnicos do TCU concluíram, em um relatório de 35 páginas, que as irregularidades são procedentes. Os auditores sugeriram que o ministro relator conceda uma decisão cautelar para bloquear parte dos recursos que o MEC utiliza para pagar os estudantes.

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Fachada do Ministério da Educação, em Brasília | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

No entanto, o ministro Augusto Nardes ainda não emitiu parecer sobre o caso, mas é comum que a decisão siga a recomendação técnica.

Dos R$ 10 bilhões, cerca de R$ 6 bilhões já estão alocados em um fundo privado sob a gestão da Caixa Econômica Federal. Já outros R$ 4 bilhões aguardam transferência e não poderão ser depositados se a medida do TCU prevalecer.

Pé-de-Meia tem saldo suficiente para finalizar o ano

O MEC informou ao TCU que o saldo na conta do programa, até 10 de dezembro de 2024, era de R$ 7,8 bilhões e que o valor total necessário para cobrir as despesas do Pé-de-Meia até o fim deste ano é estimado em R$ 795,2 milhões.

“Considerando que, deste montante, R$ 6 bilhões correspondem a valores transferidos pelo Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo, que não poderão ser utilizados para o pagamento do incentivo aos estudantes, se adotada a medida cautelar, restaria R$ 1,8 bilhão, valor suficiente para suportar as despesas com o programa até o fim de 2024 e no início de 2025”, afirmaram os técnicos do TCU.

Os auditores também disseram que “não se vislumbram riscos iminentes de paralisação imediata do Programa Pé-de-Meia”, caso a medida cautelar seja adotada, mas informaram que os gestores da política pública precisam tomar medidas necessárias para capitalizar o Fundo de Custeio da Poupança de Incentivo à Permanência e Conclusão Escolar para Estudantes do Ensino Médio (Fipem).

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Educação administra o fundo

O Fipem é onde estão depositados os recursos. O ministro da Educação, Camilo Santana, é o único que tem acesso ao fundo. É ele quem decide quanto deve ser sacado para pagar aos alunos.

Segundo o UOL, é o MEC quem determina quais alunos receberão os benefícios e de quais cidades, mas essas informações não estão sendo devidamente divulgadas, o que fere a legislação que criou o programa. Depois da publicação das reportagens, a Caixa Econômica Federal retirou de seu site os dados sobre o fluxo de pagamentos.

O governo mobilizou três ministros, o que inclui Camilo Santana, Rui Costa (Casa Civil) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), para tentar persuadir o TCU a interromper a investigação.

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