Indígena esfrega urucum no rosto de participantes de evento do governo Lula durante protesto; VEJA VÍDEO

Na região do baixo rio Tapajós, no oeste do Pará, indígenas realizaram um protesto contra o projeto da Ferrogrão. Essa ferrovia, que tem sido objeto de discussões e estudos incluídos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), é encampada pelo governo Lula (PT) e é considerada uma vitrine da atual gestão.

Durante o protesto, um indígena kumaruara aplicou tinta de urucum no rosto de seis homens e uma mulher que estavam sentados na primeira fileira de um auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém (PA). Um dos participantes se levantou irritado com o gesto.

O ato ocorreu no primeiro dia de um evento promovido pelo Ministério dos Transportes em Santarém. Esse evento é um “seminário técnico sobre a viabilidade dos aspectos socioambientais da ferrovia EF-170 (Ferrogrão)”, conforme divulgado pela pasta.

Os objetivos do seminário incluem discussões sobre os impactos da ferrovia e o direito à consulta livre para as comunidades tradicionais afetadas pelo empreendimento.

O vídeo do protesto foi compartilhado nas redes sociais por indígenas kumaruaras e pelo Conselho Indígena do Território Kumaruara. Segundo a postagem, o gesto incisivo de passar a tinta de urucum no rosto dos participantes não indígenas foi um manifesto de “oposição veemente” à Ferrogrão, que é considerada um “plano de extermínio”. O indígena responsável por espalhar o urucum foi Naldinho Kumaruara, líder espiritual da aldeia Muruary, de acordo com a postagem nas redes sociais do conselho do território.

Entre os alvos diretos do protesto está o representante de uma associação de terminais portuários da região amazônica.

A Ferrogrão é um projeto que atravessa áreas sensíveis da Amazônia, percorrendo quase 1.000 km. Essa obra é uma demanda de grandes empresas do agronegócio e é apoiada pelo governo Lula.

A ferrovia conectaria Sinop (MT), uma região de forte produção de grãos, especialmente soja e milho, ao porto de Miritituba (PA), localizado às margens do rio Tapajós.

Os indígenas do baixo rio Tapajós afirmam que não foram formalmente convidados para o seminário promovido pelo Ministério dos Transportes.

Após o protesto com a tinta de urucum, que foi acompanhado por um cântico indígena, uma liderança do povo arapium fez uma crítica à ferrovia.





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